Ano de 2019. Seria difícil imaginar que a esta altura da vida democrática no Brasil a caneta de um ministro do STF serviria para assinar um atentado contra a liberdade de imprensa. Foi o que grotescamente fez Alexandre de Moraes ao censurar reportagem da revista eletrônica Crusoé. A matéria em questão abordou investigação nos autos da Lava Jato, que envolve o presidente da Corte, Dias Toffoli.
Não se trata de Fake News, como alegou o ex-ministro de Temer. A reportagem tem base em documentos oficiais nos quais o empreiteiro Marcelo Odebrecht reconhece Toffoli como “o amigo do amigo (Lula) meu pai”, numa das suas mensagens encaminhadas a executivos da empresa.
Toffoli à época era advogado-geral da União e a Odebrecht se movimentava para retirar qualquer dificuldade do caminho e cavar facilidades para ganhar licitações de grandes obras na região Norte.
Moraes mandou retirar a matéria do ar, num flerte que oscila entre corporativismo e abuso de autoridade. Uma excrescência suprema que preocupa por uma gravidade a mais: assombra quando autoridades judiciárias usam prerrogativas para constranger, calar e intimidar quem ousa contrariar, questionar, denunciar ou simplesmente mostrar contradições por trás de togas.