O empresário paraibano e ex-senador Roberto Cavalcanti, proprietário do Sistema Correio de Comunicação, comentou nesta quinta-feira (14) sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, durante entrevista ao programa Correio Debate, da Rádio Correio FM. Na ocasião, ele afirmou que jornalistas deveriam ser apedrejados por informarem sobre mortes ocasionadas por Covid-19.
O empresário tratou sobre os problemas enfrentados pela saúde pública e privada e, claro, salientou os efeitos negativos provocados pela pandemia no mercado empresarial e no setor econômico, principalmente por conta do isolamento social.
Cavalcanti ainda chegou a defender o uso da hidroxicloroquina, remédio "receitado" pelo presidente Jair Bolsonaro, mas que não tem efeito comprovado por estudos das áreas de saúde. Além disso, ao redor do mundo, a ingestão desordenada e sem prescrição médica do composto, tem causado mortes – como por exemplo na Nigéria.
"Tenho em São Paulo uma assistência médica, há mais de 11 anos, tive um tratamento no Sírio Libanês e criei vínculos. Lá existe uma das pessoas mais importantes que é o doutor Roberto Kalil, e esteve infectado Qual foi o protocolo usado por ele há mais de um mês atrás e que o recuperado? Exatamente esse protocolo que é tão criticado, que é da cloroquina, azitromicina, e todos esses remédios que na verdade foram carimbados como de uma corrente política no Brasil", afirmou o empresário.
No trecho final da entrevista, Roberto Cavalcanti aborda a forma como a mídia tem tratado as informações relativas à Covid-19. Ele insinuou uma possível manipulação de dados ao serem repassados para a opinião pública e chegou a sugerir que jornalistas e radialistas fossem apedrejados devido à essa forma de divulgação dos dados e informações oficiais.
“Tem determinadas emissoras que ao dar o placar de quantos morreram no país naquele dia, parece que um gol da seleção do Brasil. ‘Hoje 10 mil gols, batemos recorde’, não sei o que lá, tudinho. Isso é uma vergonha, isso é um país que deveria ter vergonha na cara, um jornalista, um radialista que fizesse um negócio desses deveria ser apedrejado na rua, entendeu”, afirmou Roberto Cavalcanti.
Ele chegou a dizer que ficou em silêncio por 62 dias, porém, anteriormente, já em meio à pandemia, o empresário apareceu comentando sobre efeitos devastadores na economia que seria causado pelo isolamento social. Então, não seria a primeira aparição pública dele para tratar sobre o assunto.
"Na verdade, eu descarrego esse meu silêncio de 62 dias para hoje, talvez me exaltei. Peço desculpas, na verdade a minha forma de conduzir é na parcimônia, de agregar, de conquistar, mas têm momentos que você assiste o assassinato de pessoas, o assassinato de empresas, e não é possível que o Brasil não se revolte contra isso, e deixe de lado o problema de ser de um lado ou de outro da política, finalizou.
Mais tarde, o dono do Sistema Correio de Comunicação recuou e pediu desculpas, mas criticou o "assassinato de empresas" diante dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus no país.
Repercussão nacional
O portal UOL noticiou poucos minutos após as declarações de Roberto Cavalcanti a seguinte manchete: "Covid-19: Dono de emissora sugere apedrejar jornalistas que noticiam mortes".
O veículo nacional ainda publicou o vídeo em seus canais online. A matéria gerou repercussão nas redes sociais do UOL. "Quem não tem pecado que atire a primeira pedra. Esse atiraria", disse um internauta. "Já ao meu ver, esse sujeito é que deveria ser apedrejado", comentou outro.