É espalhado Paraíba afora por bolsonaristas que o governador João Azevêdo estaria querendo que a pandemia se alastre no estado com o intuito de “lucrar” mais ao receber “dinheiro de Bolsonaro” – dinheiro este, proveniente do socorro emergencial e dos cofres públicos, alimentados com dinheiro do povo. Além de ser insano o pseudo-argumento de que um gestor queira que seu povo morra e padeça, o discurso é totalmente falacioso e fora da realidade. Provo nas linhas a seguir.
Começando do começo, como diz o matuto: a Paraíba vai receber quatro parcelas de R$ 112 milhões nos próximos meses, totalizando 448,1 milhões, que vão ser enviados como auxílio emergencial aos estados por parte do governo federal. Vale salientar que as cifras tinham sido aprovados no Congresso Nacional, não tem nada de bom grado partindo do presidente. E, aliás, o projeto só foi sancionado por Bolsonaro quase um mês depois da aprovação no Congresso. Ou seja, no meio de uma pandemia essa “calma” toda para aprovar a ajuda financeira não é boa coisa, não é?
Pronto. São R$ 448 milhões, em quatro parcelas de R$ 112 milhões. Guarde esse número. Você sabia que a Paraíba arrecada muito mais que o valor total enviado por Bolsonaro ao Estado? Com todas as engrenagens da sociedade paraibana funcionando e com o ritmo cotidiano das vidas no estado, o Governo tem muito mais a ganhar e a oferecer ao povo.
Só em janeiro deste ano, antes da pandemia do novo coronavírus, a Paraíba arrecadou R$ 627,4 milhões. Isso mesmo, em apenas um mês. Esse montante é R$ 179,4 milhões a mais que o valor total – repito, total – enviado pelo presidente ao Estado. Somente a diferença entre os valores (os R$ 179,4 milhões) já é maior que uma das parcelas que o governador João Azevêdo receberá da União.
Ainda sem pandemia, em fevereiro o Estado arrecadou R$ 541,5 milhões. A cifra é R$ 93,5 milhões a mais que o valor total enviado por Bolsonaro através do socorro emergencial.
Com os dois meses antes da pandemia como parâmetro para entender a arrecadação do Estado, vamos agora ao período que a Covid-19 começa a circular no estado, bem como as medidas de isolamento social, o que naturalmente faz economia regredir.
Foram R$ 485,9 milhões arrecadados em março deste ano. No dia 18 de março foi confirmado o primeiro caso de coronavírus na Paraíba. Mesmo com o início do arrefecimento da economia local, o Estado ainda assim arrecadou bem mais do que o valor total enviado pro Bolsonaro à Paraíba, foram R$ 37,9 milhões a mais.
Em abril, já com medidas de isolamento social em vigor de forma mais incisiva, a arrecadação cai. Entretanto, ainda assim fica próximo do valor enviado pelo governo federal. O estado arrecadou R$ 411,9 milhões, montante que é quase quatro vezes maior que uma parcela mensal do “dinheiro de Bolsonaro” como querem espalhar por aí.
Com diversos setores da sociedade paraibana atendendo as medidas de isolamento, maio traz ainda mais queda na arrecadação, mas mesmo assim com um valor muito maior que uma parcela mensal do socorro emergencial. No quinto mês do ano a Paraíba arrecadou R$ 376,7 milhões, três vezes mais que uma parcela mensal do socorro emergencial.
Entre março e maio, com a pandemia já em território paraibano, o Estado arrecadou aproximadamente R$ 1,2 bilhão.
Um ponto a salientar: a diferença entre a arrecadação de janeiro e maio é de R$ 250 milhões. Houve uma baixa significativa, portanto manter a média em R$ 570 milhões – usando como parâmetro janeiro e fevereiro – é muito mais interessante economicamente para nosso povo. Com a Paraíba funcionando normalmente em todos os seus setores econômicos a arrecadação do Estado se mantém linear, sem queda bruscas nos valores – o que é mais interessante para um ente público. Já que assim consegue gerar receita e reverter em benefícios para sua população.
A Paraíba vem muito bem, obrigado. Não precisa de “dinheiro de Bolsonaro”, mas sim do auxílio da Presidência da República para com um ente federado e a população para quem ele também governa. Bolsonaristas, larguem de argumentos falaciosos, discursos eleitoreiros e de tratar responsabilidade como ato de salvador da pátria.
Todos os dados deste artigo foram retirados da Secretaria de Estado da Fazenda. Deixo links abaixo:
Boletim Informativo nº 1 (Março)
Boletim Informativo nº 2 (Abril)
Boletim Informativo nº 6 (Maio)
Por Cógenes Lira