85% dos assassinatos de jornalistas permanecem sem solução, aponta Unesco

Conforme detalhado em relatório, um terço dos crimes tem desfecho dentro de dois anos, mas há exceções, com duração bastante longa.

De 2006 a 2019, 1.167 jornalistas foram assassinados em 63 países e 15% dos casos foram solucionados ou arquivados. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que apresentou o dado para marcar o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, celebrado hoje (2), os casos demoram, em média, três anos para ser resolvidos. 

Conforme detalhado pela Unesco em relatório , um terço dos assassinatos tem desfecho dentro de dois anos, mas há exceções, com duração bastante longa. Um dos casos, por exemplo, levou 12 anos para ser esclarecido.

Ao enviar a resposta à demanda da Unesco, 27 países afirmaram estar promovendo “medidas positivas ou inovadoras”, para garantir segurança ou combater a impunidade. Um deles foi o Brasil, onde 44 jornalistas, todos homens, foram executados. Desse total, 32 permanecem sem desfecho, seja por não serem devidamente elucidados, seja por terem a investigação em aberto. Uma das vítimas, Gerardo Ceferino Servían Coronel, era paraguaio, apesar de ter sido assassinado no Brasil.

A Unesco ressalta que as autoridades governamentais deixaram de prestar informações sobre a situação de 366 homicídios, o que prejudica sua capacidade de relatar, com precisão, o andamento dos processos judiciais. Uma consequência disso é o fato de não poder dizer se os autores dos crimes ficaram ou não impunes.

“Enquanto os jornalistas continuaram a perder suas vidas por causa das reportagens que produzem, a liberdade de expressão permanecerá sob cerco”, escreve a organização no relatório de 87 páginas.

Também por ocasião da data comemorada nesta segunda-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse que as autoridades devem garantir que os ataques contra jornalistas sejam devidamente apurados e que os responsáveis sejam penalizados por seus atos. “Estou chocado com o número contínuo e crescente de ataques contra jornalistas e trabalhadores da mídia em todo o mundo”, afirmou, em postagem do Twitter.

No caso específico do Brasil, diversas entidades, como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), têm alertado para o cerceamento à liberdade de imprensa. De acordo com a organização Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil ocupa, atualmente, o 107º lugar no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa de 2020, uma queda de duas posições em relação a 2019.

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