Famílias indígenas venezuelanas da etnia warao, refugiadas em João Pessoa (PB), serão alcançadas pela campanha ‘Coleta do Bem’ promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em 2020.
São mais de 200 pessoas, entre idosos, adultos, jovens e crianças atendidas pelo projeto Vida em Movimento, da Arquidiocese da Paraíba, e pelo Hospital Padre Zé, numa ação que conta com a parceria do Ministério Público Federal (MPF) e vários órgãos públicos, proporcionado às famílias indígenas warao uma assistência humanizada, com alugueis de casas abrigo e distribuição de remédios fitoterápicos da linha Vida Positiva. O MPF também participa do segundo vídeo da campanha de solidariedade lançado na primeira semana de novembro.
O projeto contemplado na Paraíba pela campanha nacional ‘Coleta do Bem’ é administrado pela Ação Social Arquidiocesana e conta com a parceria do Hospital Padre Zé, que presta às famílias indígenas warao assistência à saúde com consultas e exames médicos. O projeto também incentiva a geração de renda, através do corte e costura, e promove o aprendizado da língua portuguesa pelos waraos em parceria com o Observatório de Antropologia da Universidade Federal da Paraíba e outros parceiros. Ainda distribui remédios fitoterápicos do projeto Vida Positiva, conduzido pela coordenadora de projetos sociais Maria Goretti Rolim.
Segundo Goretti Rolim, o projeto existe há quase dez anos com o objetivo de produzir remédios naturais para as doenças mais comuns, a partir do resgate dos saberes populares. “De três anos para cá, o projeto alcançou maior visibilidade, as pessoas começaram a ter resultados significativos e temos vários testemunhos de pessoas que usaram produtos nossos, como sabonetes, pomadas, lambedor, antibiótico natural, tinturas e foram melhorando”, relatou a coordenadora. A produção dos remédios fitoterápicos foi ampliada e hoje eles também são doados para as pessoas em situação de rua e para as famílias indígenas refugiadas.
No caso dos refugiados waraos, o fato de serem indígenas contribuiu para a boa recepção aos remédios naturais, conforme observa o padre Egídio de Carvalho, diretor do Hospital Padre Zé: “como são povos que fazem parte de uma tribo indígena, os remédios fitoterápicos ou naturais são muito mais aceitos por eles porque já fazem parte do dia a dia deles”, explicou, destacando que a parceria entre o MPF, a Arquidiocese da Paraíba e o Hospital Padre Zé não se limitou apenas a “alugar casas para colocar as famílias indígenas venezuelanas, mas em fazer o acompanhamento, tanto na dimensão social, psicológica e, sobretudo, na dimensão da saúde”.
Gratidão – A interlocução do Ministério Público Federal entre a Arquidiocese da Paraíba, o Hospital Padre Zé e o poder público durante a pandemia da covid-19 levou o arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz e o padre Egídio de Carvalho a enviarem ofício de agradecimento ao MPF por “toda confiança e o apoio irrestrito” do órgão na ação conjunta de acolhimento dos indígenas venezuelanos da etnia warao. “Tivemos a participação efetiva do MPF que fez a ponte entre a Arquidiocese, o Hospital Padre Zé e o poder público, sobretudo, o estado da Paraíba, através da Secretaria de Desenvolvimento Humano, que tem sido uma grande parceira nossa nessa atividade de acolhimento às famílias indígenas warao e aos moradores e moradoras de rua”, declarou o padre Egídio.
Como participar – Para doar à campanha ‘Coleta do Bem’ o doador pode fazê-lo através de ofertas nas missas e celebrações realizadas durante os dias 21 e 22 de novembro, por ocasião da Solenidade de Cristo Rei. Doações também podem ser feitas por meio do site doe.cnbb.org.br
Destinação das doações – De acordo com dados da CNBB, replicados pelo portal de notícias Vatican News, a campanha será realizada durante todo o mês de novembro, “tendo na solenidade de Cristo Rei, dia 22, seu momento forte com a realização do grande gesto concreto: a ‘Coleta do Bem’”. Ainda conforme a CNBB, em seu portal na internet, do total que a campanha conseguir arrecadar em 2020, “50% será destinado às ações de Solidariedade e Cuidado com a Vida e 50% às ações de Evangelização da Igreja no Brasil. Dos recursos voltados à promoção da Solidariedade, 60% comporá o Fundo Diocesano de Solidariedade e 40% o Fundo Nacional de Solidariedade, o FNS, gerido pela CNBB”.