Parte do custo com apagão no AP será pago por todos consumidores do Brasil

Gastos serão embutidos na conta de luz por meio do Encargo de Serviços do Sistema, que serve para manter a estabilidade do sistema elétrico.

arte das despesas para socorrer o fornecimento de energia no Amapá será bancada por todos os consumidores do país. O montante será usado para contratação emergencial de usinas térmicas para restabelecimento do serviço no estado, que está sem energia desde a semana passada, após um incêndio na subestação Macapá. O incidente causou o desligamento da linha de transmissão e das usinas que abastecem a região.

Os custos serão embutidos na conta de luz por meio do ESS (Encargo de Serviços do Sistema), que serve para manter a estabilidade do sistema elétrico. Essa conta será rateada entre os consumidores atendidos pelas distribuidoras, como os residenciais, e pelos que operam no chamado mercado livre, como indústrias.

O saldo dependerá da quantidade de energia, do tempo que esse acionamento será necessário e do custo do combustível que será usado pelas usinas.

A medida está prevista na portaria publicada pelo Ministério de Minas e Energia na última sexta-feira (6). Diante da situação de calamidade pública no Amapá, o governo federal deu aval para a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, atuar no restabelecimento do serviço.

O ministério autorizou a empresa a contratar “de forma célere, excepcional e temporária” até 150 MW por até seis meses ou quando houver reconhecimento de condição satisfatória de atendimento ao Estado.

Segundo o coordenador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Nivalde de Castro, o encargo é usado como um “curinga” para quando há necessidade de atendimento emergencial.

“É uma medida, do ponto de vista legal e energético, correta. O custo é muito alto, mas é rateado entre todos os consumidores. O Estado está há muito tempo sem energia elétrica, então, faz sentido essa decisão”, afirmou.

Até setembro, os consumidores pagaram R$ 457,5 milhões em encargos de serviços do sistema. Segundo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), o valor está abaixo do que foi registrado no mesmo período do ano passado, R$ 1,574 bilhão.

A redução deve-se à forte queda da demanda por energia durante os primeiros meses da pandemia do novo coronavírus, que reduziu a necessidade de térmicas em funcionamento no país.

O Ministério de Minas e Energia conta com a contratação emergencial para suprir totalmente o fornecimento de energia no Amapá até a próxima semana. De acordo com a pasta, cerca de 80% do serviço já foi restabelecido.

Pela portaria, a Eletronorte está autorizada a contratar imediatamente 40 MW de geração. Questionada pelo Broadcast Político, a empresa não informou a quantidade e condições dos contratos que estão sendo negociados.

O TCU (Tribunal de Contas da União) vai apurar se houve algum tipo de omissão do poder público no incidente que levou ao apagão no Amapá.

A ministra Ana Arraes determinou à área técnica da corte de contas que investigue se o governo agiu com a diligência que o caso exigia. Dez dias depois do blecaute, a energia ainda não foi completamente restabelecida no estado.

Na representação, o TCU coloca dúvidas sobre a gestão da concessionária LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia).

Essa concessão pertencia à Isolux, que entrou em recuperação judicial na Espanha. Hoje, a linha é da Gemini Energy, empresa que pertence aos fundos de investimento Starboard e Perfin e que detém 85,04% da linha.

Uma parcela de 14,96% pertence à Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), com quem a concessionária tinha uma dívida que foi convertida em participação.

“De acordo com os relatórios de qualidade na transmissão, a concessionária já foi penalizada em mais de R$ 6 milhões em sua parcela variável de remuneração nos últimos cinco anos, por deficiências na qualidade”, diz o TCU.

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