Coronavírus: CoronaVac não atingiu 90% de eficácia em testes no Brasil

Secretário diz que vacina "jamais" alcançaria o percentual por causa do método usado na produção. Entretanto, ele ressalta que o imunizante é eficaz

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, disse nesta quinta-feira (24) que a CoronaVac não atingiu 90% de eficácia em testes realizados no Brasil, diferentemente do anunciado pela Turquia.

“Não atingiu 90% (nos testes no Brasil), mas está em níveis que nos permitem fazer uma redução de impacto de doença na nossa população”, afirmou Gorinchteyn, citando que o percentual é superior ao mínimo de 50% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A taxa obtida no Brasil deveria ter sido divulgada na quarta-feira (23) pelo Instituto Butantan mas, segundo o instituto, o laboratório chinês Sinovac pediu adiamento do anúncio. A empresa quer analisar os dados dos testes para entender percentuais diferentes obtidos nos países onde o imunizante é testado.

Em entrevista a Rodrigo Bocardi, no programa Ponto Final, da CBN, Jean Gorinchteyn disse que, considerando a técnica usada no desenvolvimento da vacina, não havia expectativa de chegar a esse percentual. “Nós sabíamos que a efetividade jamais atingiria 90%”, disse Gorinchteyn.

O secretário justificou a expectativa citando que vacinas formuladas com fragmentos de vírus, os chamados vírus inativados, como é o caso da CoronaVac, acabam produzindo um percentual de defesa inferior ao daquelas que usam, por exemplo, a técnica chamada de vírus atenuado.

“O que nós não imaginávamos é que a empresa (Sinovac) queria, e objetivava, uma unicidade, um resultado muito próximo em todos os países, e não somente em um ou outro país”, disse o secretário, justificando o adiamento da divulgação dos dados.

Dados preliminares na Turquia

Durante a entrevista, Gorinchteyn não explicou como a Turquia, usando a mesma vacina, chegou ao percentual de 91,25% de eficácia. Mas o secretário afirmou que é normal haver alguma diferença entre testes. “A gente não vai ter a mesma resposta para diferentes populações, porque são populações muito peculiares do ponto de vista genético, racial”, disse Gorinchteyn.

Procurado mais cedo pelo G1, o Instituto Butantan disse que “não comenta informações relativas a contratos da Sinovac com outros países”.

De acordo com as agências de notícias, os dados da Turquia são conclusões preliminares da fase 3 do estudo, que ainda está em andamento. O resultado considera 29 pessoas infectadas em um grupo menor de voluntários, sendo três casos entre os que tomaram a vacina e 26 no grupo placebo.

No Brasil, o Butantan já tinha verificado mais de 170 infectados até a metade de dezembro entre os seus 13 mil voluntários, o que aponta que o estudo brasileiro está em fase mais avançada. Ainda antes, em 23 de novembro, o Butantan já tinha alcançado o mínimo de infectados caso desejasse divulgar uma análise prévia equivalente a da Turquia.

No fim de novembro, já havia 74 casos de Covid-19 entre os 13 mil voluntários brasileiros. Apesar disso, na ocasião, os pesquisadores brasileiros não divulgaram os percentuais e preferiram aguardar a continuidade dos estudos para apresentar o resultado final em 23 de dezembro, plano que acabou adiado.

Apesar do adiamento na divulgação dos dados e, como consequência, no envio dos estudos para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gorinchteyn reafirmou que o governo paulista mantém a previsão de início da vacinação em 25 de janeiro.

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