O principal advogado do vereador Jairo Souza Santos Júnior, 43, o Dr. Jairinho, e da professora Monique Medeiros, presos sob a suspeita de participação na morte de Henry, 4, disse neste sábado (10) que abandonará o caso se ficar comprovado que o casal mentiu para ele sobre um histórico de violência.
Um dos principais pontos a serem analisados, ainda segundo o defensor, é o conjunto de mensagens encontradas no celular de Monique e que podem indicar uma rotina de agressões, contra a qual ela não teria tomado providências.
“Eu nunca soube dessas mensagens, desse diálogo da Monique com a Thaina [Ferreira, babá], mas também não sei se são verdadeiras. A Thaina não se pronunciou sobre isso, e não conversei com a Monique sobre isso”, disse ele. “O casal sempre se coloca como inocente.”
O casal está preso temporariamente desde a última quinta-feira (8), sob a suspeita de terem espancando a criança até a morte e tentar simular um acidente. A prisão dura 30 dias.
Pelo teor até agora conhecido dessas mensagens, ressalta Barreto, não está configurada nenhuma mentira por parte de Monique, nem uma rotina de agressões, como diz a polícia e o Ministério Público. Diferentemente disso, continua o defensor, elas mostram uma mãe em relacionamento recente preocupada em investigar eventuais maus-tratos.
“Eu olhei as mensagens e não identifico nada efetivamente muito contundente […] Considerando essas mensagens [do celular] como verdadeiras, eu vejo uma preocupação de uma mãe, uma investigação de uma mãe, até querendo colocar câmeras, essa coisa toda”, afirmou ele, que ressalta que há possibilidade de o celular da mãe ter sido invadido.
Barreto afirma ainda que as mensagens tornadas públicas, do diálogo entre a mãe e a babá de Henry, referem-se a um único dia, 12 de fevereiro de 2021, e não há assim uma comprovação rotina, assim como não há uma afirmação clara de que a mãe sabia de fato das agressões.
“Me parece que todas as mensagens são do mesmo dia. Ou seja: não existem relatos em dias diferentes, uma coisa em janeiro, outra em fevereiro, outra coisa em outro dia de fevereiro, março. Eles não mostram constância, mostram um diálogo, uma preocupação, um zelo”, disse.
Além disso, continua ele, há uma série de pontos que precisam ser considerados nesse contexto de investigação e que também fragilizam a tese de que Monique seria uma mãe omissa na proteção do filho.
Primeiro, porque a mãe levou a criança a uma psicóloga para acompanhar a evolução da criança. Essa profissional, em depoimento à polícia, afirmou não ter detectado nada de anormal do comportamento de Henry, como medo do “padrasto” ou de outra pessoa.
A professora da criança, com especialização para detectar casos de maus-tratos, também não verificou nenhum comportamento estranho do garoto que merecesse medidas urgentes, assim como os avós e o próprio pai do garoto. “Se o Henry confessa: o tio me dá ‘banda’, me machuca. O Leniel [pai de Henry] não deixaria isso, de tudo que estou vendo”, afirmou Barreto.
Por fim, o advogado cita o boletim feito pelas médicas que atenderam o menino na madrugada de 8 de março e, ainda, laudo do Instituto Médico Legal que afastou a existência de sinais de maus-tratos recentes ou antigos.
“Existem tantas outras pessoas que vêm testemunhar uma relação de amor, de carinho. Não entra na minha cabeça que uma mãe, que ama tanto seu filho, acobertasse um ato de agressão de um ‘namorido’ [junção de namorado com marido]”, disse. “Por isso eu afirmo em todo lugar. Eles se declaram inocentes.”