A Assembleia Legislativa da Paraíba aprovou, por unanimidade, o projeto de Lei 1.445/2020 que denomina de Fernanda Benvenutty o Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais da unidade integrante do Complexo Hospitalar Clementino Fraga, do Governo Estadual, localizado no município de João Pessoa, e que este ano completa 8 anos de atividade.
Para a deputada estadual Estela Bezerra, autora do projeto, o ato é antes do tudo, uma homenagem. “Fernanda foi uma ativista importante, que debatia e lutava pela cidadania da população LGBTQIA+, especialmente das mulheres trans e travestis. Foi uma grande educadora política, e que promovia a cidadania de todas e todos”. disse Estela durante a Sessão.
Beatriz Duarte, representante da Associação de pessoas travestis e transexuais da Paraíba – Asspttrans, parabenizou a deputada Estela pelo reconhecimento. “Nós da Asspttrans entendemos a importância da mulher, mãe e militante. Nós que fazemos parte desta população estamos felizes com o reconhecimento da doação de toda uma vida desta guerreira. Gratidão”.
O mesmo sentimento é compartilhado por Karina Espínola, coordenadora da Aliança Nacional LGBTQIA+ na Paraíba. “Este reconhecimento é fruto de uma luta constante de uma travesti e mulher trans, ativista e educadora política. Um recado para nossa comunidade LGBTQIA+, de que não devemos desistir de seguir os nossos sonhos e encontrar novos caminhos longe de toda vulnerabilidade social que nos cerca”.
O legado de Fernanda Benvenutty
Uma das mais conhecidas ativistas da causa LGBTQIA+ da Paraíba, Fernanda exercia há mais de 20 anos o ofício de técnica de enfermagem, além de também ser funcionária pública no cargo de parteira na Maternidade Cândida Vargas e trabalhar no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em João Pessoa.
Benvenutty tem um marcante histórico de militância pelos direitos das travesitis, transexuais e transgêneros em João Pessoa. Em abril de 2005, ela, com uma comissão de militantes do movimento LGBT brasileiro, discursou na Câmara dos Deputados em Brasília, junto à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, para reivindicar verbas para programas de combate à homofobia. Ela também fazia parte do Conselho Nacional de Saúde e deu uma importante contribuição na construção de políticas públicas para o segmento que representava.
Fernanda chegou a se candidatar para vereadora em João Pessoa em duas ocasiões, sendo a primeira travesti a disputar o cargo na Capital. Também foi presidente do Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Unidos do Roger, e chegou a ser homenageada do carnaval 2020, com o samba enredo “Abram alas que ela vai passar”. Fernanda sofria de câncer há algum tempo, e faleceu em fevereiro de 2020, antes de ver sua escola de samba ser anunciada campeã no carnaval daquele ano.