Covid: nenhuma criança ou adolescente morreu por conta da vacina no Brasil

Boletim epidemiológico especial divulgado pelo Ministério da Saúde atesta eficácia dos imunizantes utilizados no país.

Passados dez meses do início da vacinação contra a Covid-19 da faixa etária abaixo de 18 anos no Brasil, nenhuma criança ou adolescente morreu em decorrência de efeito adverso da vacina. O dado consta em boletim epidemiológico especial do Ministério da Saúde, que investigou 38 óbitos notificados por estados e municípios e descartou que eles tenham sido provocados pela vacina.

A vacinação de adolescentes foi aprovada no dia 11 de junho de 2021 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que liberou a vacina da Pfizer para a faixa etária de 12 a 17 anos. O imunizante para crianças entre 5 e 11 anos foi liberada apenas em dezembro do ano passado.

Segundo o documento, divulgado na última terça-feira (26), desde o início da vacinação até o dia 12 de março deste ano, o Ministério da Saúde recebeu a notificação de 3.463 casos de eventos adversos na faixa etária abaixo de 18 anos. Destes, 419 (ou 12,1% do total) foram graves e 38 resultaram em morte, segundo classificação das vigilâncias epidemiológicas municipais e estaduais.

A análise dos casos foi feita com base no sistema de informação e-SUS Notifica, onde há um módulo para que vigilâncias epidemiológicas municipais e estaduais comuniquem casos de eventos adversos. Com base nessas informações, todos os casos de óbito são investigados para comprovar ou descartar que a vacina está ligada à causa da morte.

Segundo a investigação, a média de idade dos óbitos informados pelas vigilâncias foi de 13 anos e teve a mesma proporção entre os sexos. O intervalo de tempo entre a vacinação e o início do evento adverso é de, em média, 30 dias.

Uma das revelações do documento é que alguns dos óbitos notificados nem sequer estavam dentro do intervalo possível entre a aplicação da dose e o óbito. “Quatro eventos ocorreram com mais de 30 dias após a vacinação, evidenciando uma relação temporal inconsistente de acordo com a classificação de evento adverso”, aponta o boletim.

Do total de comunicados de eventos adversos feitos ao ministério, 38 (ou 1,1%) terminaram em morte, sendo 36 casos relacionados à vacina Pfizer e dois, à CoronaVac. Após a investigação dos casos, os 38 óbitos notificados foram avaliados e classificados como:

  • Reações coincidentes ou inconsistentes: 23;
  • Inclassificáveis devido à necessidade de informações: 13;
  • Dados conflitantes em relação à causalidade: 2.

“ATÉ O MOMENTO, NÃO HÁ REGISTRO DE EVENTO ADVERSO COM DESFECHO ÓBITO NA FAIXA ETÁRIA DE CINCO A MENORES DE 18 ANOS COM RELAÇÃO CAUSAL COM AS VACINAS UTILIZADAS”, PONTUA O BOLETIM ESPECIAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Efeitos comprovados

Para especialistas ouvidos pela reportagem, o resultado mostra como a vacinação nessa faixa etária é segura e confere grande eficácia.

“O boletim confirma o perfil de segurança demonstrado nos estudos de fase 3 e que propiciaram o licenciamento da vacina no público de crianças e adolescentes. Portanto, vacinar continua como a melhor forma de prevenção para esse público, sem dúvidas”, afirma a pediatra Melissa Palmieri, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

“A gente já esperava esse resultado [da Pfizer]; e no caso da CoronaVac é uma vacina de vírus inativado, igual a outras usadas há muita décadas e nada reatogênica”, avalia Mônica Levi, diretora da SBIm. A dose liberada da vacina Pfizer é de apenas 1/3 da vacina para adultos e adolescentes.

“A gente quer proteger crianças e adolescente com segurança, e está provado –aqui e no mundo– que evento adverso é extremamente raro. Esses dados mostram, para quem tinha medo ou receio de levar seu filho, que é hora vacinar! É o momento de vencer a desinformação”, acrescenta Mônica Levi.

Ao contrário das vacinas, a Covid-19 já foi responsável pela morte de 2.933 pessoas entre 10 e 19 anos, segundo dados dos cartórios de registro civil colhidos até essa quarta-feira (27) no portal da transparência da Covid. A doença, por sinal, se tornou a principal causa de morte natural para essa faixa etária no país.

Entre adultos, segurança comprovada

No que se refere à vacinação somando todas as faixas etárias, o acompanhamento dos eventos adversos também continua apontando para uma grande segurança de todos os imunizantes utilizados no Brasil.

Até o último dia 12 de março, foram 142.401 eventos adversos notificados ao Ministério da Saúde, sendo mais de 90% (130,4 mil) considerados não graves. Houve ainda 26.315 erros de imunização.

É considerado evento adverso grave qualquer evento que requeira hospitalização e que tenha ao menos um desses itens:

  • Risco de morte ou exigência de intervenção clínica imediata para evitar o óbito;
  • Disfunção significativa e/ou incapacidade permanente;
  • Anomalia congênita;
  • Óbito.

Em termos proporcionais, são idosos os que mais sofrem com efeitos adversos:

Covid: nenhuma criança ou adolescente morreu por conta da vacina no Brasil

Segundo as notificações dos departamentos de vigilância, apenas 4,1 doses em cada 100 mil aplicadas apresentam eventos adversos graves.

Como tem feito em boletins passados, a pasta compara o risco de ter um evento adverso com o de ser internado com doença grave ou de morrer por Covid-19. Até o último dia 2 de abril, lembra o boletim, foram 3.074.283 internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 660 mil óbitos confirmados pela doença no Brasil.

De acordo com o relatório, 1,4% da população brasileira (ou 1.451 a cada 100 mil habitantes) foi internada ou morreu por SRAG entre 2020 e abril deste ano. No mesmo período, a mortalidade por Covid-19 foi de 311,7 a cada 100 mil habitantes.

Os dados expostos no boletim indicam que a chance de ser internado por SRAG é 354 vezes maior do que a de sofrer um evento adverso da vacina. A chance de morrer por Covid-19 é 76 vezes maior.

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