A delegada Nuris Pegoretti teve a quebra de sigilo bancário e fiscal decretada pela Justiça de São Paulo, nesta quinta-feira (3). Ela é investigada por suspeita de corrupção passiva no caso que envolve o empresário Thiago Brennand, 43, que está preso preventivamente após ter sido extraditado dos Emirados Árabes.
Ela foi denunciada sob acusação de ter recebido R$ 250 mil para influenciar a condução da apuração e também para induzir o Ministério Público a arquivar o processo. A delegada investigou Brenannd pelos supostos crimes de sequestro e cárcere privado em Porto Feliz, no interior de São Paulo. Ele nega as acusações.
No relatório final de investigação, Pegoretti apontou denunciação caluniosa motivada por interesses financeiros. “Verificou-se que [Brennand] é indivíduo de porte agigantado, profissional em artes marciais, faixa preta de jiu-jítsu há mais de duas décadas, faixa preta em outras artes marciais, e não se encontrou qualquer registro de violência relevante em sua vida”, diz o documento.
A suposta vítima do caso, que também se identifica como empresária e morava nos Estados Unidos, contou que chegou ao Brasil no dia 28 de agosto de 2021 para ficar com Brennand. Eles se conheciam havia anos, se reencontraram pelas redes sociais e resolveram passar uns dias juntos. Em dado momento ele teria tomado o aparelho celular dela à força, impedindo que ela mantivesse contato com pessoas fora da casa, segundo a acusação.
No processo administrativo aberto pela Corregedoria, ao qual a reportagem teve acesso, é relatado que o inquérito é inusitado, se comparado aos demais relatórios produzidos pela autoridade policial, “tanto pelo número de laudas como pela forma de elaboração, bem como por conter incisiva defesa do investigado”.
Em depoimento sobre o caso na época, Brennand confirmou que teve relações sexuais com a mulher, mas disse que foi só com consentimento dela. Na ocasião, ele negou as acusações, afirmou que jamais aceitaria relações sexuais não consentidas e disse que nutre ódio por estupradores.
Ele também afirmou que a suposta vítima teria “sede de fama” e foi vista em diversos locais sem ter pedido socorro ou manifestado comportamento estranho.
Procurada pela reportagem em setembro, a defesa de Brennand declarou que “não há prova nova” para desarquivamento do caso de Poto Feliz e que a versão da vítima é “absolutamente inverossímil, tanto que a juíza então oficiante no caso determinou que fosse instaurado inquérito policial para apuração da eventual prática do crime de denunciação caluniosa”.