MPF pede prisão de repórter acusado de racismo na Paraíba

No processo, Emerson Machado é acusado de proferir discurso de ódio contra a religião Candomblé

O repórter Emerson Machado Lima, também conhecido por “Mofi”, foi denunciado na Justiça Federal na Paraíba pelo crime de racismo. O procedimento movido pelo Ministério Público Federal (MPF) foi acolhido na 16ª Vara Federal, em João Pessoa. No processo, o comunicador é acusado de proferir discurso de ódio contra a religião Candomblé durante a transmissão do programa Correio Verdade, da TV Correio, afiliada da TV Record, no dia 28 de abril de 2021.

Na denúncia, o procurador José Godoy afirmou que a prática do racismo em questão “foi bastante contundente e ultrapassou os limites da liberdade de expressão”.

Pelo crime em investigação, o MPF pediu o julgamento da Justiça pela prisão do comunicador e o pagamento de multa, além de reparação dos danos sociais e prejuízos causados à coletividade. Para o órgão ministerial, a prática do racismo é inaceitável e, por isso, defende que deve ser combatida em todas as suas formas.

Emerson Machado declarou que não vai se pronunciar sobre o processo jurídico.

O MPF diz em denúncia que existe a evidencia o crime de racismo, com amplitude de alcance transnacional, por conta da exibição por meio do canal da TV na plataforma YouTube, durante a cobertura de crime de homicídio de Patrícia Roberta, de 22 anos.

Conforme o processo, o repórter associou o crime à religião de matriz africana durante essa fala: “Ele residente aqui desde criança né nessa mesma casa segundo informações, o Marco já participava de Candomblé né dessas tribos, negócio de candomblé é o Marcos já participava o acusado também já participava desse negócio de magia de Candomblé já participava desse encontro aqui mesmo nessa casa”.

Para o MPF, o vídeo comprova agressões raciais contra religiosos do Candomblé que sofreram constrangimentos e humilhações após a fala do apresentador na televisão. “Este crime de homicídio que estava sendo revelado à época, por sua natureza já incitava o ódio e a revolta da população em geral. Utilizar-se desse ambiente hostil para incendiar a população contra a religião do Candomblé, numa suposta simbiose desses conceitos (homicídio e candomblé) incita, de forma radical, cruel e proposital a discriminação em razão da religião”, registra o MPF na denúncia.

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