Hospital Metropolitano realiza 3º transplante cardíaco 100% SUS de 2023

De acordo com o cirurgião cardiovascular responsável pelo procedimento, Antônio Pedrosa, o transplante, que teve início por volta das 16h e terminou aproximadamente às 22h, ocorreu sem nenhum tipo de intercorrência, apesar de ser um caso mais grave.

O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde), realizou, na tarde dessa quinta-feira (1º), o 3º transplante cardíaco 100% SUS de 2023 na Paraíba, graças ao gesto de solidariedade de uma família que autorizou a doação de múltiplos órgãos de um jovem, de 36 anos. Humanização e solidariedade são as palavras que definem essa decisão que mudou a vida de Valdir Francisco de Almeida, de 62 anos, e de, pelo menos, mais três pessoas que receberam o fígado e dois rins doados pelo paciente que estava internado em um hospital municipal de João Pessoa, vítima de hemorragia intracraniana.

De acordo com o cirurgião cardiovascular responsável pelo procedimento, Antônio Pedrosa, o transplante, que teve início por volta das 16h e terminou aproximadamente às 22h, ocorreu sem nenhum tipo de intercorrência, apesar de ser um caso mais grave. “O receptor, além de ter um coração muito grande que motivou o transplante, tinha hipertensão pulmonar, e isso dificulta o manejo no pós-operatório. No entanto, para esse paciente específico, nós conseguimos um aparelho chamado Hemosphere que é o aparelho mais moderno no mundo, atualmente, em relação à monitorização hemodinâmica invasiva”, frisou o cirurgião, acrescentando que o paciente se encontra estável e em recuperação na UTI cardiológica do Hospital Metropolitano.

Essa é a primeira vez que o Hemosphere é utilizado nos serviços do SUS na Paraíba. Segundo Antônio Pedrosa, a utilização deste equipamento foi necessária, pois ele proporciona uma série de dados em relação à hemodinâmica sistêmica, e hemodinâmica pulmonar, possibilitando uma melhor monitorização dos dados do pós-operatório de Valdir que é mais desafiador por conta da hipertensão pulmonar.

Para a diretora geral do Hospital Metropolitano, Louise Nathalie, ver que a instituição está realizando cada vez mais procedimentos inéditos é resultado de um trabalho bem articulado entre uma gestão inovadora e um corpo de colaboradores extremamente capacitados e comprometidos em proporcionar uma saúde pública de qualidade para a população.

“Sabemos que o transplante cardíaco é um procedimento extremamente complexo e que não era realizado com frequência na rede SUS do nosso estado. Graças ao trabalho que estamos desenvolvendo com a gestão PB Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e Governo do Estado, hoje a Paraíba pode contar com a melhor assistência em saúde que já existiu no que se refere a procedimento de alta complexidade em cardiologia, neurologia e na área endovascular. Nosso objetivo é continuar modernizando nossos serviços e tornar a assistência de saúde da Paraíba uma referência nacional”, afirmou a gestora.

“Meu marido está ganhando uma nova chance de vida. Sem o transplante, isso não seria possível. Então, eu só tenho que agradecer a Deus e às pessoas da família que autorizaram a doação, porque sei que não é fácil passar por isso, mas essa decisão vai salvar outras vidas, e o coração daquela pessoa vai bater no peito dele e, assim, uma parte do que se foi continua viva”, disse Francinete Luiz da Silva, de 59 anos, esposa do paciente beneficiado com um novo coração.

Valdir contou, antes do procedimento, que quando recebeu a ligação com a boa notícia, pela manhã, custou a acreditar que a chegada do novo coração, que pode significar uma média de 10 anos a mais em sua expectativa de vida, era verdade. “Quando recebi a ligação, foi uma surpresa para toda minha família. Eu só acreditei mesmo quando ela me disse pessoalmente que era verdade, que apareceu um coração compatível, porque sabíamos que isso seria difícil já que o meu sangue é B+”, relatou o paciente.

Quem acompanha o caso de Valdir há três anos no Metropolitano é a cardiologista clínica e coordenadora do ambulatório para transplante do Metropolitano Tauanny Frazão. Ela explicou que o paciente precisou do transplante, pois tem uma miocardiopatia dilatada idiopática, e que o coração dele está bem crescido, com uma fração de injeção de 18%, muito abaixo do percentual normal que seria acima de 55%.

“Seu Valdir já chegou para mim com uma insuficiência cardíaca avançada. Na época da pandemia ele teve Covid-19, acometimento pulmonar e foi um tempo de muita dificuldade. Graças a Deus, juntos, conseguimos vencer a Covid-19 e continuamos o tratamento dele. Desde o início do tratamento, eu converso com a família sobre a gravidade da situação e, a partir de hoje, ele vai começar uma nova história, pois conseguimos o melhor tratamento para seu quadro de saúde, que é o transplante cardíaco”, afirmou Tauanny.

A captação do coração foi feita na Central de Transplantes, que fica no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, com início por volta das 16h. O doador, um homem de 36 anos, também teve captados os rins e o fígado. Toda a logística da entrega dos órgãos até os hospitais transplantadores contou com o apoio do Corpo de Bombeiros. Segundo a diretora da Central de Estadual Transplantes, Rafaela Dias, essa é a quarta doação de coração de 2023 do estado, representando um grande avanço para a saúde paraibana, pois já ultrapassa o número total de doações registradas em 2022, que foi de três corações.

“Esse momento mostra o quanto temos avançado na realização de todas as etapas do processo que envolve a doação de órgãos para transplante. Além de ressaltar o comprometimento das equipes envolvidas, destacamos também a generosidade e solidariedade por parte das famílias doadoras, que mesmo em momentos de grande dor conseguem tomar a decisão de salvar vidas por meio da doação,” pontua Rafaela.

Sobre o Metropolitano: O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires é referência em cardiologia e neurologia e recebeu o credenciamento para realização do transplante cardíaco em junho de 2020. Desde então, foi implantado na unidade o Ambulatório de Transplante, para atendimento a pacientes candidatos ao procedimento. Além do transplante em adultos, o Metropolitano tornou-se o 5º hospital público do país habilitado para fazer transplante de coração pediátrico.

Em 26 de março de 2022, a unidade hospitalar realizou o primeiro transplante cardíaco 100% SUS pela Paraíba. O paciente beneficiado foi um homem de 60 anos, que recebeu um novo coração de um jovem de 20 anos. Em janeiro de 2023, foi realizado o segundo transplante, em um paciente de 47 anos, que teve alta em menos de um mês, e o terceiro transplante aconteceu em abril de 2023, com o paciente tendo alta após 39 dias.

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