Lula comenta delação de Cid e diz que Bolsonaro estava ‘envolvido até os dentes’

Segundo Lula, Bolsonaro está “altamente comprometido” nas investigações.

SAO BERNARDO DO CAMPO, BRAZIL - MARCH 10: Luiz Inacio Lula da Silva, Brazil's former president, speaks during a press conference after convictions against him were annulled at the Sindicato dos Metalurgicos do ABC on March 10, 2021 in Sao Bernardo do Campo, Brazil. Minister Edson Fachin, of the Federal Supreme Court, annulled on Monday the criminal convictions against former President Luiz Inacio Lula da Silva on the grounds that the city of Curitiba court did not have the authority to try him in court for corruption charges and he must be retried in federal courts in the capital, Brasilia. The decision means Lula regains his political rights and would be eligible to run for office in 2022. (Photo by Alexandre Schneider/Getty Images)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou o acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Lula, Bolsonaro está “altamente comprometido” nas investigações.

“Eu acho que ele tá altamente comprometido. A cada dia vai aparecendo as coisas, e a cada dia nós vamos ter certeza de que havia a perspectiva de golpe e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes”, afirmou durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11).

Lula evitou comentar os detalhes sobre o acordo de delação premiada de Cid, que foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no sábado (9).

O presidente disse que não pode dar palpite no que não conhece: “Não sei o que está lá. Só sabe o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação”.

Por fim, Lula ainda afirmou que Bolsonaro estava preocupado em “vender as joias” e que o ex-presidente é “responsável por parte das coisas ruins que aconteceram” no Brasil.

“É isso que vai ficar claro, o tempo vai se encarregar. A única chance que ele tinha de não participar disso é quando ele estava preocupado em vender as joias”, disse.

A delação
O ministro Alexandre de Moraes homologou a delação de Mauro Cid após um acordo de colaboração fechado entre o ex-ajudante de ordens e a Polícia Federal.

A delação em questão está ligada ao inquérito das milícias digitais e a todas as investigações conexas, como a apuração sobre a venda de presentes oficiais recebidos pelo governo Bolsonaro.

Em relação ao inquérito das milícias digitais, a PF investiga a suposta existência de uma organização criminosa que teria a finalidade de atentar contra o Estado Democrático de Direito.

Cid foi preso em maio deste ano, durante uma operação da PF para investigar a inserção de dados falsos de vacinação no sistema do SUS e emissão de certificados de imunização contra a Covid-19.

Após o acordo de delação ser homologado, Cid teve a liberdade provisória concedida pelo STF. Ele deixou a prisão ainda no sábado e deve usar tornozeleira eletrônica.

Decisão de Moraes
A liberdade provisória concedida a Mauro Cid pelo ministro Alexandre de Moraes possui medidas cautelares. Ou seja, o ex-ajudante de ordens terá de seguir as seguintes determinações impostas pelo STF:

  • uso de tornozeleira eletrônica;
  • comparecimento em juízo em 48 horas, e comparecimento semanal posterior, às segundas-feiras;
  • proibição de sair do país e entrega do passaporte em 5 dias;
  • cancelamento de todos os passaportes emitidos pelo Brasil em nome dele;
  • suspensão de porte de arma de fogo, assim como de certificado de registro para coleção, tiro esportivo e caça;
  • proibição de uso de redes sociais;
  • proibição de falar com outros investigados, inclusive por meio de seus advogados. As exceções são a mulher, filha e pai dele.

Moraes ainda determinou o afastamento do tenente-coronel do exercício das funções de seu cargo de oficial no Exército. Na decisão, Moraes afirma que, em caso de descumprimento das medidas cautelares, Cid deve voltar para a prisão.

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