PF põe Bolsonaro como líder de organização e vê viagem aos EUA como parte de plano, diz TV

De acordo com o relatório, a saída de Bolsonaro para o exterior tinha como objetivo manter distância de qualquer ação direta de ruptura democrática, garantindo que ele não fosse associado imediatamente à tentativa de tomada de poder.

Presidente Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Onix Lorenzoni no Palácio do Planalto, participando da Cerimônia de Comemoração ao Dia Internacional do Voluntariado. Sérgio Lima/Poder360 02.dez.2019

O relatório entregue pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21) trouxe revelações contundentes sobre o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Entre os elementos apontados está a alegação de que a viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos, realizada na véspera do término de seu mandato, fazia parte de um plano estratégico para a concretização de uma intentona golpista, segundo informações divulgadas pela CNN.

Bolsonaro e a Teoria de Afastamento

De acordo com o relatório, a saída de Bolsonaro para o exterior tinha como objetivo manter distância de qualquer ação direta de ruptura democrática, garantindo que ele não fosse associado imediatamente à tentativa de tomada de poder. A PF destacou que houve movimentações financeiras do Brasil para os EUA, supostamente para proteger os recursos do ex-presidente contra eventuais bloqueios judiciais que pudessem ser determinados pelo Judiciário brasileiro.

O documento da PF descreve que Bolsonaro teve envolvimento em todos os núcleos da organização criminosa e que, como líder, seu objetivo central era se manter no poder. A corporação sustenta que o ex-presidente “permeou por todos os núcleos” dessa estrutura, demonstrando sua suposta influência sobre as ações.

Contexto do Exílio e os Desdobramentos

Bolsonaro deixou o Brasil em 28 de dezembro de 2022, três dias antes de encerrar o mandato, após semanas de isolamento político desde sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais. Em 8 de janeiro de 2023, os atos golpistas culminaram na invasão e depredação de prédios públicos na Praça dos Três Poderes, marcando o ápice das tensões democráticas no país.

Defesa e Reações

Em declarações públicas e por meio das redes sociais, o ex-presidente negou qualquer envolvimento ou consentimento com a tentativa de ruptura democrática. Ele também criticou duramente o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, acusando-o de conduzir o caso de maneira arbitrária. “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa”, afirmou Bolsonaro em entrevista reproduzida em sua conta no X (antigo Twitter).

O ex-presidente, que já enfrentou outras investigações, como as relacionadas ao suposto desvio de joias e falsificação de cartões de vacinação, disse que aguardará as orientações de sua defesa jurídica e o encaminhamento do relatório para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Próximos Passos

Com o relatório agora em posse do STF, a Procuradoria-Geral da República analisará as evidências para decidir se formalizará uma denúncia contra Bolsonaro e os demais indiciados. A investigação é parte de um esforço maior para responsabilizar todos os envolvidos nos ataques à democracia brasileira, um marco que ainda reverbera intensamente no cenário político nacional.

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