Lula chega à metade do mandato sem uma marca clara, aponta avaliação interna e externa

Nos bastidores, o governo enfrenta críticas à comunicação e à falta de coordenação entre os 38 ministérios.

Fachada do Congresso Nacional. Brasília (DF) 22.04.2010 - Foto: Miguel Ângelo *** Local Caption *** Fachada do Congresso Nacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à metade de seu terceiro mandato sem uma política pública que se destaque como símbolo de sua gestão, diferentemente de seus governos anteriores, marcados por programas como Bolsa Família, PAC e Prouni. Ministros e aliados admitem que, apesar de relançamentos e novas iniciativas, nenhuma medida se consolidou como a “cara” do governo.

Críticas internas e desafios estruturais

Nos bastidores, o governo enfrenta críticas à comunicação e à falta de coordenação entre os 38 ministérios. “Há uma pulverização das ações, e os recursos não alcançam todas as propostas,” reconhecem auxiliares próximos ao presidente.

Medidas como o Voa Brasil, que prometia democratizar viagens aéreas, enfrentaram dificuldades na execução. O programa restringiu o público-alvo a aposentados do INSS que não viajaram nos últimos 12 meses, limitando seu alcance. A isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5.000 também permanece sem implementação.

Outras iniciativas, como o leilão de arroz para baixar preços e a regulamentação de motoristas de aplicativo, encontraram resistência ou foram anuladas devido a irregularidades ou impacto negativo.

Perspectivas para o futuro

Apesar dos desafios, Lula e seus auxiliares apostam em uma virada nos próximos dois anos. “Plantamos as sementes. Agora, 2025 será o ano da colheita,” declarou o presidente em recente entrevista. A expectativa é que programas como o Novo PAC e o Pé-de-Meia comecem a gerar resultados tangíveis.

Relançamentos e programas em destaque

Entre os programas retomados, o Bolsa Família se mantém como carro-chefe, atendendo 20,8 milhões de famílias em 2024, com repasses de R$ 168 bilhões. O Novo PAC, lançado em 2023 com previsão de R$ 1,8 trilhão até 2030, tem sido criticado por sua abrangência ampla e dificuldade de identificação popular.

Outras iniciativas incluem:

  • Pé-de-Meia: R$ 8 bilhões anuais para beneficiar 3,9 milhões de estudantes do ensino médio. O programa é bem avaliado, com 69% de aprovação, e frequentemente mencionado por Lula.
  • Minha Casa Minha Vida: 41,7 mil moradias entregues e 49 mil com obras retomadas.
  • Mais Médicos: Potencial para atender 68,1 milhões de pessoas com investimento de R$ 5,5 bilhões em 2024.
  • Farmácia Popular: Benefício a 24 milhões de pessoas, com R$ 3,3 bilhões de investimento em 2024.

Popularidade e desafios na comunicação

Pesquisas recentes mostram estabilidade na aprovação do governo, com 35% dos brasileiros avaliando-o como ótimo ou bom. No entanto, a rejeição tem crescido, refletindo uma trajetória de desgaste. A Secom, criticada por falhas na comunicação, pode ser reformulada, com o possível afastamento do ministro Paulo Pimenta.

Próximos passos

Com iniciativas em andamento e novas propostas para 2025, o governo Lula 3 tenta encontrar uma marca que o defina. Integrantes do Planalto apostam que programas como o Pé-de-Meia e o Novo PAC ganharão tração, consolidando a gestão nos dois últimos anos do mandato.

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