Fogos de artifício: tradição que causa sofrimento para animais e pessoas sensíveis

Pesquisa recente do Grupo Petlove revelou que 72,7% dos animais domésticos tentam se esconder durante os fogos, enquanto outros apresentam tremores, pânico ou tentam fugir, frequentemente sofrendo acidentes.

Enquanto o Réveillon é sinônimo de alegria e celebração para muitos, para uma parcela significativa da população e da fauna, as festas de fim de ano trazem sofrimento. Rojões e fogos de artifício com estampidos geram estresse extremo para animais domésticos e silvestres, além de afetar pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) ou alta sensibilidade sonora.

O impacto dos fogos sonoros é devastador para os animais, que possuem audição mais sensível e não compreendem a origem dos ruídos. “O barulho é interpretado como uma ameaça iminente, causando pânico extremo, acidentes e, em casos mais graves, colapsos fatais em animais com problemas de saúde”, explica o veterinário Neander Oíbio.

Pesquisa recente do Grupo Petlove revelou que 72,7% dos animais domésticos tentam se esconder durante os fogos, enquanto outros apresentam tremores, pânico ou tentam fugir, frequentemente sofrendo acidentes.

Animais silvestres e de criação também sofrem impactos severos. Aves abandonam ninhos e perdem a orientação, enquanto mamíferos e répteis alteram padrões naturais de comportamento. “O estresse gerado pelos fogos afeta alimentação, reprodução e migração, prejudicando o equilíbrio ambiental”, alerta Oíbio.

Impacto em humanos
Pessoas com TEA ou sensibilidade sonora extrema também enfrentam momentos de sofrimento. “Os estampidos desorientam, causam cefaleias, ansiedade e pânico”, afirma a psiquiatra Ana Aguiar. Para Mila Guimarães, autista e defensora de mudanças na tradição, “é possível adaptar celebrações com fogos silenciosos, que respeitem quem sofre com o barulho.”

Legislação e campanhas
Várias cidades e estados no Brasil, como o Distrito Federal, proíbem fogos de artifício ruidosos. Em outubro, o Senado aprovou um projeto de lei para banir a fabricação e venda de fogos com estampido em todo o país, ainda em tramitação na Câmara dos Deputados. Paralelamente, instituições como o Instituto Cultural e do Bem-Estar Animal promovem o uso de fogos silenciosos, buscando equilíbrio entre tradição e responsabilidade social.

Dicas para minimizar o impacto
Para proteger animais durante os fogos:

  • Prepare um ambiente seguro em casa, com cobertores ou um cômodo fechado.
  • Use som ambiente, como música ou TV, para mascarar os ruídos.
  • Consulte um veterinário sobre terapias comportamentais ou medicamentos ansiolíticos.
  • Experimente faixas de compressão ou “roupas calmantes” para os bichos.

Para pessoas sensíveis ao som, o uso de fones com cancelamento de ruído ou tampões intra-auriculares é uma solução prática. “Conhecer os próprios limites e planejar como lidar com os ruídos pode fazer toda a diferença”, orienta Ana Aguiar.

Enquanto a luta por uma legislação mais abrangente avança, fogos silenciosos já se consolidam como uma alternativa que mantém o encanto das celebrações sem causar sofrimento.

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