PGR denuncia Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado em 2022

A denúncia agora será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Se for aceita, Bolsonaro se tornará réu e responderá criminalmente por sua tentativa de golpe.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por sua participação em um plano para golpe de Estado, que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A denúncia, assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se Bolsonaro e outros envolvidos se tornarão réus no processo penal.

Caso a denúncia seja aceita, Bolsonaro responderá pelos crimes de:

  • Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos de prisão);
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos de prisão);
  • Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos de prisão).

Além do ex-presidente, outros 33 nomes foram denunciados, incluindo o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.

Bolsonaro teria concordado com plano para matar Lula

A denúncia da PGR traz revelações impactantes. Segundo o documento, Bolsonaro foi informado sobre um plano para assassinar Lula no final de 2022 e concordou com a trama.

“Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, um plano de ataque às instituições, denominado ‘Punhal Verde Amarelo’. O plano foi apresentado ao Presidente da República, que a ele anuiu”, escreveu Paulo Gonet na denúncia.

Ainda de acordo com a PGR, a partir de 2021, Bolsonaro adotou um discurso cada vez mais agressivo contra a democracia, incentivando ataques ao sistema eleitoral e ao STF. A retórica antidemocrática teria se intensificado após a elegibilidade de Lula, em virtude da anulação de suas condenações criminais.

Lista de denunciados

Além de Bolsonaro, a PGR denunciou os seguintes nomes por tentativa de golpe de Estado:

Principais figuras denunciadas

  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin e deputado federal – PL-RJ);
  • Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
  • Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro);
  • Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (ex-ministro da Defesa);
  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e general do Exército).

Outros denunciados

A denúncia também inclui militares, ex-assessores, operadores políticos e membros do governo Bolsonaro, como:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros
  • Angelo Martins Denicoli
  • Bernardo Romão Correa Netto
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  • Cleverson Ney Magalhães
  • Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  • Fabrício Moreira de Bastos
  • Filipe Garcia Martins Pereira
  • Fernando de Sousa Oliveira
  • Giancarlo Gomes Rodrigues
  • Guilherme Marques de Almeida
  • Hélio Ferreira Lima
  • Marcelo Araújo Ormevet
  • Marcelo Costa Câmara
  • Márcio Nunes de Resende Júnior
  • Mario Fernandes
  • Marília Ferreira de Alencar
  • Nilton Diniz Rodrigues
  • Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  • Rafael Martins de Oliveira
  • Reginaldo Vieira de Abreu
  • Rodrigo Bezerra de Azevedo
  • Ronald Ferreira de Araújo Júnior
  • Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  • Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF)
  • Wladimir Matos Soares

Investigação e relatório da Polícia Federal

A denúncia da PGR se baseia no relatório da Polícia Federal (PF), que em novembro de 2023 já havia concluído pelo indiciamento de Bolsonaro e outros 36 envolvidos.

A PF identificou a existência de seis núcleos operacionais responsáveis pelo planejamento do golpe:

  1. Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral – Disseminava mentiras sobre as urnas eletrônicas para descredibilizar o processo eleitoral.
  2. Núcleo de Incitação a Militares – Tentava convencer militares a aderirem ao golpe, atacando aqueles que resistiam.
  3. Núcleo Jurídico – Criava minutas de decretos e argumentos para justificar um golpe, incluindo a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres.
  4. Núcleo de Operações e Apoio Logístico – Organizou manifestações em frente a quartéis, financiou atos e garantiu a infraestrutura para os ataques.
  5. Núcleo de Inteligência Paralela – Espionava Alexandre de Moraes, Lula e Geraldo Alckmin, monitorando seus deslocamentos.
  6. Núcleo de Medidas Coercitivas – Planejava ações violentas para eliminar adversários do golpe, incluindo a captura ou assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.

Outras investigações contra Bolsonaro

Além da tentativa de golpe, Bolsonaro já foi indiciado pela PF em outras investigações:

  • Caso das Joias Sauditas – Envolvimento no desvio e venda ilegal de joias recebidas como presente de Estado.
  • Fraude no Cartão de Vacinas – Falsificação de dados para obter comprovante de vacinação contra a covid-19.

Próximos passos

A denúncia agora será analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Se for aceita, Bolsonaro se tornará réu e responderá criminalmente por sua tentativa de golpe.

O caso pode representar o maior julgamento da história política recente do Brasil, com potenciais consequências jurídicas e políticas para o ex-presidente e seus aliados.

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