STF mantém previsão de julgar Bolsonaro por trama golpista ainda em 2024

O objetivo é evitar que o processo interfira nas eleições presidenciais de 2026.

Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Reprodução/Agência Brasil)

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mantêm a estratégia de julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda este ano pelo caso da trama golpista. O objetivo é evitar que o processo interfira nas eleições presidenciais de 2026.

Para agilizar a análise da denúncia, parte do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, será destinada ao julgamento. Além disso, há a possibilidade de alteração na agenda da Primeira Turma do STF, que pode passar a se reunir semanalmente para acelerar o processo.

Apesar da intenção do Supremo, advogados dos denunciados afirmam que há estratégias para prolongar o julgamento, como a inclusão de dezenas de testemunhas, o que poderia atrasar a tramitação da ação penal.

Processo pode ser concluído antes das eleições

O cenário ideal para quatro ministros do STF consultados sob sigilo é que os processos sejam concluídos ainda este ano, preferencialmente no primeiro semestre. Esse cronograma permitiria que eventuais recursos se estendessem até o fim de 2024, possibilitando o início do cumprimento de penas antes do período eleitoral de 2026.

Na última terça-feira (18), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outros 33 aliados por tentativa de golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O procurador-geral Paulo Gonet deve apresentar novas denúncias nas próximas semanas, dividindo o caso por núcleos de investigação.

Próximos passos do julgamento

O STF decidirá primeiro se aceita ou rejeita a denúncia. Caso aceite, Bolsonaro e os demais envolvidos se tornarão réus e deverão apresentar defesa. Em seguida, começa a fase de instrução, com oitiva de testemunhas e interrogatório dos acusados.

Após a instrução, a PGR e as defesas apresentarão as alegações finais, contestando as provas e levantando argumentos para absolvição ou condenação. Somente depois dessa etapa, o STF marcará o julgamento da trama golpista.

O caso será julgado pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Como a turma se reúne a cada 15 dias, há a possibilidade de aumentar a frequência das sessões para acelerar a análise da denúncia.

Investigação apontou plano de golpe e atentado contra autoridades

A denúncia contra Bolsonaro e seus aliados tem como base um relatório da Polícia Federal, que revelou a articulação para impedir a posse de Lula. A investigação foi sustentada por provas documentais e pela delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Segundo a PF, Bolsonaro apresentou a chefes das Forças Armadas um plano para dar um golpe de Estado. O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se comprometido a apoiar a ruptura institucional, enquanto os chefes do Exército e da Aeronáutica confirmaram a tentativa de arregimentar militares para o golpe.

Além disso, a investigação revelou que militares do Exército elaboraram planos para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com a PF, Bolsonaro tinha conhecimento do esquema planejado pelo general da reserva Mário Fernandes, que ocupava um cargo estratégico no Palácio do Planalto.

Com a denúncia formalizada, o Supremo agora definirá os próximos passos do julgamento, que pode ser um dos mais importantes da história política recente do país.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui