A mancha escura que surgiu no mar, na foz do Rio Jaguaribe, entre as praias do Bessa e de Intermares, tem características compatíveis com o ambiente natural de manguezais, segundo análise realizada pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema). A coloração escura e o odor forte observados são decorrentes da alta concentração de matéria orgânica em decomposição, típica desse ecossistema.
Apesar disso, a análise identificou também a presença de coliformes fecais, o que aponta para despejo de esgoto no curso d’água, ainda que em quantidade considerada “não alarmante” pela Sudema.
De acordo com o órgão ambiental, a água escura é característica do chamado “rio morto”, resultado do desvio do curso original do Rio Jaguaribe. A parte que hoje deságua no mar recebe apenas águas pluviais e de drenagem urbana, ficando estagnada durante boa parte do ano. Esse acúmulo favorece a degradação da matéria orgânica e a formação de gases como o sulfeto de hidrogênio (H₂S), com odor semelhante ao de ovo podre, e o dimetilsulfeto (DMS), liberado por algas em decomposição.
Com as chuvas intensas, o acúmulo de água e matéria orgânica é liberado no mar, formando o fenômeno conhecido popularmente como “língua negra”. A cor e o cheiro, segundo a Sudema, são naturais nesse tipo de ambiente, mas a presença de esgoto agrava o quadro.
Como medida de precaução, a Sudema orienta que banhistas evitem o contato com a água em um raio de pelo menos 100 metros para cada lado do ponto de vazamento. A balneabilidade da área seguirá sendo monitorada semanalmente, e novas recomendações serão divulgadas conforme os resultados.
A superintendência também anunciou que, dentro do projeto Praia Limpa, iniciará em breve uma investigação conjunta com outros órgãos para identificar lançamentos clandestinos de esgoto nos rios urbanos, incluindo todo o trecho do Rio Jaguaribe e seus afluentes. O objetivo é elaborar um diagnóstico que sirva de base para ações corretivas por parte do poder público.