Glauber Braga encerra greve de fome após Câmara suspender processo de cassação por 60 dias

A eventual cassação do mandato de Glauber Braga seria inédita na história da Câmara dos Deputados por ter como motivação uma agressão física.

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou, na tarde desta quinta-feira (17), o fim da greve de fome iniciada no dia 9 de abril, em protesto contra a recomendação do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pela cassação de seu mandato. A decisão foi tomada após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), concordar com a suspensão do processo por 60 dias, abrindo espaço para negociações e possível reavaliação do caso.

“Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, afirmou Hugo Motta nas redes sociais.

A suspensão temporária do processo ocorre após articulações lideradas por parlamentares do PSOL e do PT, com destaque para a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). A proposta é buscar uma alternativa menos severa à cassação, como uma advertência ou suspensão temporária do mandato.

O caso teve início após um episódio ocorrido em abril de 2024, quando Glauber expulsou com chutes e empurrões um militante do MBL (Movimento Brasil Livre) da Câmara. A ação levou o Conselho de Ética a recomendar, por 13 votos a 5, a perda do mandato do parlamentar, o que motivou a greve de fome.

Durante os nove dias de protesto, Glauber permaneceu na Câmara, ingerindo apenas água, soro e isotônicos. Um colchão foi improvisado ao lado da mesa de coordenação do plenário 5, local onde o conselho aprovou a recomendação de cassação. Segundo sua assessoria, o deputado perdeu peso, mas manteve boas condições de saúde e, após suspender o protesto, foi encaminhado a um hospital em Brasília para avaliação médica.

“Estou suspendendo a greve de fome, mas nós não estamos suspendendo a luta contra o orçamento secreto, contra o poder oligárquico, pela responsabilização dos assassinos de Marielle, dos golpistas de plantão. Nós seguimos em luta”, afirmou Glauber em declaração à imprensa.

Durante o protesto, Glauber recebeu apoio político de diversas lideranças, incluindo oito ministros do governo Lula, como Gleisi Hoffmann, Sônia Guajajara, Anielle Franco, Paulo Teixeira e Cida Gonçalves.

A eventual cassação do mandato de Glauber Braga seria inédita na história da Câmara dos Deputados por ter como motivação uma agressão física. O histórico da Casa inclui diversos episódios de violência entre parlamentares que não resultaram em perda de mandato.

O deputado deve apresentar um recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, alegando possíveis irregularidades no rito do Conselho de Ética. A comissão poderá decidir se o processo deverá retornar para nova análise. Enquanto isso, o caso ficará paralisado ao menos até agosto, em razão do recesso parlamentar.

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