PF encontra novas provas de tentativa de golpe e detalha atuação de policial infiltrado na equipe de segurança de Lula

Wladmir foi preso no ano passado por determinação de Moraes e é investigado por atuar como agente infiltrado na equipe externa de segurança de Lula, durante o período de transição, em Brasília.

A Polícia Federal (PF) informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que encontrou novas evidências da tentativa de golpe de Estado no fim do governo Jair Bolsonaro, com base na análise do celular do policial federal Wladmir Matos Soares. As mensagens obtidas revelam conversas e áudios que detalham ações preparatórias e intenções violentas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Wladmir foi preso no ano passado por determinação de Moraes e é investigado por atuar como agente infiltrado na equipe externa de segurança de Lula, durante o período de transição, em Brasília. Ele circulava nos arredores do hotel onde o presidente estava hospedado e, segundo a PF, atuava como “elemento auxiliar” do chamado plano “Punhal Verde-Amarelo”, que previa ações extremistas, como o assassinato de autoridades, incluindo o próprio Lula e o ministro do STF.

Mensagens revelam intenções golpistas e frustração

Em áudios trocados entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, período que abrange a diplomação e posse de Lula, além dos atos golpistas do dia 8 de janeiro, o policial manifestou inconformismo com a recusa das Forças Armadas em aderir ao golpe.

Os generais se venderam ao PT no último minuto que a gente ia tomar tudo. A gente ia com muita vontade. Ia empurrar meio mundo de gente, matar meio mundo de gente. Estava nem já”, declarou em conversa com um advogado identificado como Luciano.

Em outro trecho, Wladmir afirmou integrar uma equipe de operações especiais” armada, pronta para agir em defesa de Bolsonaro:

Esperávamos o ok do presidente, uma canetada para agir. A gente estava pronto.”

Ele também citou que estava preparado para prender Alexandre de Moraes, ministro responsável por relatar os inquéritos sobre a tentativa de golpe:

A gente estava preparado pra isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre Moraes. Eu ia estar na equipe.”

Em outro áudio, o policial chega a afirmar que o ministro deveria ter tido a cabeça cortada” por impedir, no início do governo Bolsonaro, a nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal:

Tinha que ter cortado a cabeça dele, era ali.”

Decepção com Bolsonaro e expectativa frustrada

As mensagens também demonstram decepção de Wladmir com o então presidente Jair Bolsonaro, por ter deixado o país no fim do mandato e não concretizado o plano golpista:

Eu estou aqui na merda porque o presidente vai dar pra trás. Estava tudo certo e agora deu tudo pra trás.”

Julgamento no STF

Na próxima terça-feira (20), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal vai decidir se Wladmir Matos Soares e outros 11 militares denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) se tornarão réus. Eles integram o núcleo 3 da trama golpista, responsável, segundo a acusação, pela elaboração de ações táticas para a execução do golpe.

A defesa do policial federal foi procurada pela Agência Brasil, mas ainda não se manifestou. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.

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