Vai de Bet: dinheiro de patrocínio da casa de apostas paraibana ao Corinthians foi parar em conta do PCC

Apesar da gravidade dos indícios, a Polícia Civil destaca que não houve repasse direto de valores do Corinthians a organizações criminosas.

Uma investigação da Polícia Civil de São Paulo revelou que parte do valor pago em comissões no contrato de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas paraibana Vai de Bet teria sido direcionada a uma empresa com ligações ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A denúncia foi divulgada inicialmente pelo SBT e confirmada pelo portal Lance!.

O contrato, firmado entre o Corinthians e a Vai de Bet, teve validade de janeiro a junho de 2024 e previa o repasse de R$ 370 milhões ao clube — um dos maiores patrocínios da história do futebol sul-americano. No entanto, o acordo foi encerrado unilateralmente pela casa de apostas, após a ativação de uma cláusula anticorrupção.

As investigações apontam que, dos R$ 1,4 milhão pagos em comissão à empresa intermediadora Rede Social Media Design LTDA, controlada pelo empresário Alex Cassundé, parte do valor foi desviada para a UJ Football Talent Intermediações Tecnológicasempresa citada em investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre lavagem de dinheiro vinculado ao crime organizado.

A UJ está ligada ao empresário Ulisses de Souza Jorge e foi mencionada em delações de Antônio Vinicius Gritzbach, colaborador da Justiça que denunciou empresas de fachada usadas pelo PCC para movimentar recursos no futebol. Gritzbach foi assassinado com 29 tiros no aeroporto de Guarulhos em novembro de 2024.

O esquema investigado também inclui repasses da Rede Social Media Design para a Neoway Soluções Integradas, empresa registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, moradora de Peruíbe (SP). Edna declarou às autoridades que desconhecia qualquer vínculo com a empresa, caracterizando um possível caso de uso de “laranja”. A Neoway teria transferido R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas, que, por sua vez, fez três pagamentos à UJ Football Talent, somando R$ 874 mil.

Apesar da gravidade dos indícios, a Polícia Civil destaca que não houve repasse direto de valores do Corinthians a organizações criminosas. Em nota enviada ao Lance!, o clube afirmou:

O inquérito policial está sob segredo de justiça, portanto não teremos nenhum comentário a adicionar. O Corinthians não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do Clube.”

Entre os investigados que prestaram depoimento estão o presidente do Corinthians, Augusto Melo, o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura e o ex-diretor administrativo Marcelinho Mariano. Também foram ouvidos como testemunhas o vice-presidente Osmar Stábile e o ex-diretor financeiro Luiz Ricardo Alves, conhecido como Seedorf.

As investigações seguem em andamento e o caso permanece sob segredo de justiça.

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