A Justiça da Paraíba anulou uma decisão proferida em apenas 16 minutos pelo juiz Glauco Coutinho Marques, da comarca de Gurinhém, que beneficiava uma entidade suspeita de envolvimento em fraudes contra aposentados. O magistrado está afastado do cargo desde dezembro de 2024, após ser alvo da Operação Retomada, deflagrada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).
A decisão anulada favorecia a Associação Programa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas e foi revista pela juíza Aylzia Fabiana Borges Carrilho, que apontou indícios de fraude processual. Segundo a magistrada, os documentos apresentados no processo contêm possíveis vícios, e os supostos associados da entidade não possuem qualquer vínculo com a comarca de Gurinhém — alguns, inclusive, nem residem na Paraíba.
A juíza destacou que as investigações da operação revelaram a prática do chamado “fórum shopping”, estratégia em que grupos escolhem comarcas e juízes específicos para obter decisões favoráveis. Gurinhém estaria entre as localidades utilizadas para esse tipo de manobra.
A defesa do juiz Glauco Marques nega qualquer envolvimento irregular. Em nota, o advogado do magistrado afirmou que “não há provas nem indícios de relação entre Glauco e advogados das associações” e que o juiz “apenas homologou acordos e concedeu liminares dentro da legalidade.”
A defesa ainda alega que as investigações não encontraram movimentações financeiras suspeitas nem conversas comprometedoras envolvendo o magistrado. Destaca também que, apesar de centenas de processos investigados na operação, pouco mais de dez passaram pelas mãos de Glauco Marques.