Bolsonaro faz brincadeira com Moraes durante interrogatório no STF e convida ministro para ser “vice” em 2026

Com a conclusão da fase de interrogatórios, o processo entra na fase de diligências complementares, caso solicitadas. Em seguida, será aberto o prazo de 15 dias para apresentação das alegações finais.

Durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protagonizou um momento inusitado ao brincar com o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Réu no processo, Bolsonaro “convidou” Moraes para ser seu vice na eleição de 2026, provocando risos entre os presentes.

Posso fazer uma brincadeira?”, perguntou Bolsonaro, ao que Moraes respondeu: “O senhor quem sabe. Eu perguntaria aos seus advogados.” Em seguida, Bolsonaro disparou: “Gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.” O ministro respondeu com ironia: “Declino novamente.

O episódio ocorreu durante o depoimento de Bolsonaro à Primeira Turma do STF, que nesta semana ouve os integrantes do chamado “núcleo crucial” da organização investigada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Além do ex-presidente, o grupo inclui nomes como Mauro Cid, Anderson Torres, Augusto Heleno, Almir Garnier, Alexandre Ramagem, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.

Reação e contexto do interrogatório

O ex-presidente narrou como é abordado nas ruas por apoiadores e tentou apresentar vídeos para ilustrar sua fala, o que foi negado por Alexandre de Moraes. O ministro afirmou que o conteúdo poderia ser incluído no processo, mas não exibido durante o depoimento.

Antes da sessão, Bolsonaro havia dito à imprensa que poderia “falar por horas, se pudesse ficar à vontade”, mas limitou-se a respostas mais sucintas. Ele é apontado pela PGR como figura central na articulação de uma tentativa de ruptura democrática, envolvendo atos preparatórios, produção de documentos com teor golpista e mobilização de setores militares.

Acusações contra os réus

A PGR atribui aos oito investigados os seguintes crimes:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos)

  • Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos)

  • Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos)

  • Dano qualificado ao patrimônio da União (pena de 6 meses a 3 anos)

  • Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos)

Próximos passos

Com a conclusão da fase de interrogatórios, o processo entra na fase de diligências complementares, caso solicitadas. Em seguida, será aberto o prazo de 15 dias para apresentação das alegações finais. Após isso, o caso será levado a julgamento pela Primeira Turma do STF.

Bolsonaro foi declarado inelegível por 8 anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dois julgamentos realizados em 2023, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Apesar disso, o ex-presidente tem mantido articulações políticas e se mantém como liderança central da oposição.

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