Durante seu depoimento ao ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira (10), no âmbito do processo que apura tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a questionar, sem apresentar provas, a lisura das eleições brasileiras e o sistema eletrônico de votação.
Na abertura de sua fala, Bolsonaro afirmou que sempre foi contra as urnas eletrônicas, alegando que sua postura crítica ao processo eleitoral é antiga e não exclusiva. “Fiquei dois anos como vereador e 28 como parlamentar. Minha retórica sempre foi parecida com isso. A questão da desconfiança ou crítica às urnas não é algo privativo meu”, declarou.
Como argumento, o ex-presidente citou declarações passadas de autoridades como o ministro do STF Flávio Dino e o presidente do PDT, Carlos Lupi, que teriam feito observações negativas sobre o sistema eleitoral. No entanto, Bolsonaro não apresentou nenhuma prova que justificasse suas alegações contra a segurança das urnas.
Moraes questiona fala sobre suposto recebimento de dinheiro por ministros
O ministro Alexandre de Moraes confrontou Bolsonaro a respeito de uma declaração feita em vídeo durante uma reunião ministerial, na qual o ex-presidente afirmou que ele e os ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso teriam recebido “US$ 50 milhões, US$ 30 milhões” pelas eleições.
Ao ser questionado, Bolsonaro recuou, afirmou que não tem provas da acusação e classificou o episódio como um “desabafo” em uma reunião que, segundo ele, não deveria ter sido gravada. “Não tem indícios, senhor ministro. Era uma reunião para não ser gravada, um desabafo. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os três”, disse.
Defesa do governo e críticas à imprensa
Durante o depoimento, Bolsonaro também aproveitou para fazer uma defesa de sua gestão, citando supostos feitos de seu governo, e reclamou do tratamento recebido pela imprensa ao longo de seu mandato e durante a campanha eleitoral de 2022.
O interrogatório integra a fase final da instrução processual do caso que investiga o chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe, do qual Bolsonaro é apontado como peça central pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Após os depoimentos, o processo seguirá para diligências, apresentação de alegações finais e, posteriormente, julgamento pela Primeira Turma do STF.