Uma mulher residente em João Pessoa foi identificada como figura central em uma investigação da Polícia Federal que desmantelou um esquema de fraudes no programa Farmácia Popular, com ramificações em vários estados brasileiros e ligação direta com o tráfico internacional de drogas. A operação foi revelada no programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (20).
Segundo a Polícia Federal, o ponto de partida da investigação foi o telefone da suspeita, vinculado a uma farmácia de fachada no estado de Goiás, registrada em um terreno vazio e que nunca chegou a funcionar de fato. A mulher era responsável por fornecer CNPJs, facilitar registros empresariais e intermediar contatos entre os integrantes da organização criminosa.
O grupo mantinha diversas farmácias fictícias com documentação aparentemente legalizada, com o objetivo de desviar recursos públicos e lavar dinheiro por meio do programa federal. A atuação discreta da investigada permitiu que a rede criminosa se expandisse para diversas regiões do país, envolvendo mais de 140 estabelecimentos — entre farmácias fantasmas e empresas legalmente constituídas.
Durante as apurações, a PF descobriu que os valores desviados, que ultrapassaram R$ 40 milhões em repasses, eram utilizados para financiar a importação de cocaína da Bolívia e do Peru. Parte do montante teria sido repassada a fornecedores ligados ao Clã Cisneros, grupo apontado como influente no tráfico internacional de entorpecentes.
A operação evidencia a conexão entre crimes financeiros e o narcotráfico, além de alertar para fragilidades no controle de recursos públicos em programas sociais. As investigações seguem em andamento, com possibilidade de novas prisões e bloqueio de bens envolvidos no esquema.
