Um laudo do Instituto de Polícia Científica (IPC) da Paraíba revelou uma reviravolta no caso da morte de Guilherme Pereira e Ana Luiza Bandeira, casal que morreu em 30 de novembro de 2024, após a moto em que estavam bater em um poste no bairro Muçumagro, em João Pessoa. Segundo a perícia, Guilherme foi atingido por um disparo de fuzil na cabeça antes da colisão, o que transforma a linha de investigação de acidente de trânsito para possível duplo homicídio. Um soldado da Polícia Militar foi indiciado.
O laudo técnico aponta que a motocicleta trafegava a apenas 10 km/h no momento do impacto. A bala, de calibre 5.56, comum em armamentos militares, entrou pela nuca e saiu pela testa de Guilherme. O impacto do corpo já sem vida causou a colisão que resultou também na morte de Ana Luiza. Os resultados foram reforçados por exames complementares realizados fora do estado, com apoio da Polícia Federal, que analisou inclusive os capacetes do casal em Brasília.
Em coletiva nesta semana, o coronel Bergson, corregedor auxiliar da Polícia Militar da Paraíba, afirmou que a corporação foi “surpreendida” pelas informações reveladas pela imprensa e redes sociais, mas que uma investigação preliminar interna já foi instaurada. O policial apontado como envolvido no caso foi afastado das funções operacionais e transferido para o setor administrativo.
“Vamos apurar com total isenção e imparcialidade. Se o inquérito apontar envolvimento de outros policiais, todos os responsáveis serão investigados e punidos, se for o caso”, declarou o corregedor.
O pai de Ana Luiza, Joselito Correia, que desde o início contesta a versão policial, voltou a se pronunciar. Segundo ele, não houve blitz, perseguição ou ordem de parada, como afirmaram os policiais envolvidos. Imagens de câmeras de segurança mostram o casal abraçado, com a moto parada momentos antes do ocorrido. “Me chamaram de louco, disseram que a Polícia Federal não ia se envolver, mas agora a verdade começou a aparecer”, disse, emocionado.
Joselito também questiona a conduta das primeiras perícias, que não teriam apontado o ferimento por arma de fogo. “Como é que se ignora um rombo na cabeça provocado por uma bala de fuzil? Isso precisa ser explicado”, cobrou.
A delegada responsável pela investigação deverá conceder entrevista coletiva nesta quinta-feira (24) no Instituto de Medicina Legal (IML) de João Pessoa. O caso, inicialmente registrado como acidente, passa a ser investigado como crime doloso, com suspeita de execução por agente público e possível omissão de outros envolvidos.