A política paraibana ganhou novos capítulos a partir de uma imagem simbólica registrada na posse do novo procurador-geral de Justiça, Leonardo Quintans. O flagrante que reuniu o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), ao lado do presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (União Brasil), reforçou a leitura de que o gestor da Capital já ensaia passos firmes rumo a uma candidatura ao governo pelo campo da oposição.
O detalhe é que, na mesma solenidade, o governador João Azevêdo (PSB) e o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) observavam a cena. A proximidade de Cícero com lideranças adversárias do Palácio da Redenção soou como um gesto político calculado e deixou claro que o PP, partido ao qual ele ainda pertence, enfrenta uma crise de acomodação. Não por acaso, o prefeito já admitiu publicamente a intenção de deixar a sigla, alegando falta de espaço.
Do ponto de vista estratégico, a movimentação de Cícero se conecta a uma reconfiguração da oposição. Bruno Cunha Lima tenta consolidar-se como líder em Campina Grande, enquanto Veneziano busca espaço para retornar ao protagonismo estadual. A união desses nomes, somada ao peso político de Adriano Galdino, poderia construir uma frente capaz de desafiar o bloco governista em 2026.
Lucas Ribeiro, por sua vez, adotou tom diplomático. Ao lembrar que o PP foi fundamental na trajetória de Cícero até a Prefeitura e na eleição de Mersinho Lucena para a Câmara Federal, o vice-governador sinalizou mais uma vez o desejo do partido de manter o prefeito no campo governista. Porém, a análise de bastidores indica que o movimento de Cícero já extrapola a questão partidária: trata-se de um gesto de posicionamento político, que o projeta como alternativa competitiva para polarizar com o grupo de João Azevêdo.
Assim, a fotografia não foi apenas um registro protocolar de uma solenidade, mas um marco visual da possível divisão definitiva do PP e um recado de que Cícero Lucena pretende entrar no tabuleiro da sucessão estadual não como coadjuvante, mas como protagonista de um novo arranjo oposicionista.