Lideranças do centrão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), articulam um projeto de anistia que pode livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da prisão, após possível condenação pelo STF, mas mantendo-o inelegível para as eleições de 2026. A proposta também visa fortalecer a pré-candidatura de Tarcísio ao Palácio do Planalto com apoio do bolsonarismo.
O texto do projeto ainda está em construção, mas a expectativa é que ele seja apresentado após o julgamento de Bolsonaro, que termina em 12 de setembro. A articulação inclui garantir que o STF não derrube a proposta por inconstitucionalidade.
Tarcísio assume protagonismo na articulação política, após visita a Bolsonaro em prisão domiciliar. Desde então, passou a se reunir com lideranças partidárias para discutir a proposta, que é considerada a principal demanda do bolsonarismo no momento.
Na Câmara, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), que antes resistia à pauta, começou a abrir espaço para votação após o julgamento. Segundo o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), já há maioria construída: “Ele já comunicou que vai ser pautado”.
O PT critica o movimento, e o deputado Lindbergh Farias atribui a articulação ao governador paulista: “A coisa ficou séria. Tarcísio matou no peito a missão de consolidar sua candidatura presidencial”.
Apoio da federação União Progressista
A federação formada por União Brasil e Progressistas (PP) anunciou apoio à anistia e determinou que seus filiados deixem os cargos no governo Lula até 30 de setembro. O deputado Pedro Lucas (União-MA) confirmou a articulação para pautar a proposta com urgência.
Resistência no STF é desafio
A proposta precisa superar o risco de ser considerada inconstitucional. Ministros do Supremo já foram sondados por bolsonaristas e líderes do centrão. A avaliação entre aliados é que, mesmo que o texto seja rejeitado, o gesto fortalece Tarcísio como herdeiro político de Bolsonaro.
Hoje, Bolsonaro segue inelegível até 2030 por condenações na Justiça Eleitoral, e a anistia não reverte automaticamente esse cenário. No entanto, advogados acreditam que a medida pode servir como argumento em novos recursos no TSE.
Lideranças envolvidas na articulação incluem:
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Ciro Nogueira (PP)
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Antonio Rueda (União Brasil)
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Valdemar Costa Neto (PL)
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Marcos Pereira (Republicanos)
Segundo parlamentares envolvidos nas negociações, há cerca de 300 votos favoráveis na Câmara, o que seria suficiente para aprovação.