Hugo Motta completa sete meses na presidência da Câmara sob pressão e à sombra de Arthur Lira

Aos 35 anos, prestes a completar 36, Hugo Motta tem trajetória marcada pela habilidade em transitar entre diferentes correntes políticas.

Com sete meses de mandato, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), mais jovem parlamentar a assumir a presidência da Câmara, acumula altos e baixos e enfrenta o peso da sombra de Arthur Lira (PP-AL). O antecessor e padrinho político segue articulando nos bastidores com influência sobre pautas e bancadas, o que levanta dúvidas sobre a real autonomia do atual presidente da Casa.

Interferência de Lira

Em agosto, Lira esteve no centro de ao menos três negociações relevantes. Foi em seu gabinete, por exemplo, que se costurou o acordo que encerrou o motim bolsonarista que havia ocupado a mesa do plenário da Câmara. O compromisso incluía votações da anistia e da PEC da blindagem, ainda pendentes.

Motta só conseguiu reassumir a cadeira de presidente após a articulação de Lira com os bolsonaristas. O episódio expôs constrangimento, já que o paraibano chegou a enfrentar resistência de opositores que se recusaram a deixar o posto da presidência. A tentativa de suspender o mandato dos envolvidos não prosperou na Mesa Diretora.

Pautas sensíveis

Dias depois, a Câmara ensaiou votar a PEC da blindagem, proposta defendida por Lira e pelo centrão para permitir que o Congresso barre investigações contra parlamentares. Divergências internas levaram Motta a adiar a apreciação.

Mais recentemente, a pressão recaiu sobre a anistia a Jair Bolsonaro (PL) e a outros investigados por participação em atos golpistas. Após ofensiva do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e encontro de Lira com Bolsonaro em Brasília, o tema voltou a ganhar força. Motta admitiu a possibilidade de pautar a proposta após o julgamento do ex-presidente no Supremo, previsto para esta semana.

Relação com o governo

A atuação de Motta também tem oscilado em relação ao Palácio do Planalto. Em alguns momentos, foi considerado próximo a Lula, participando de viagens e reuniões no Planalto. Em outros, marcou posição contrária, como ao liderar a votação que suspendeu regras do IOF propostas pelo governo, o que lhe rendeu críticas nas redes petistas.

Apesar das tensões, Motta foi uma das principais autoridades presentes no palanque oficial do 7 de Setembro, ao lado do presidente Lula, na Esplanada dos Ministérios.

Perfil político

Aos 35 anos, prestes a completar 36, Hugo Motta tem trajetória marcada pela habilidade em transitar entre diferentes correntes políticas. Foi aliado de Eduardo Cunha, manteve proximidade com Rodrigo Maia e se consolidou como um dos nomes de confiança de Arthur Lira, que o lançou como sucessor após meses de disputa entre outros candidatos.

Eleito em primeiro turno com apoio que foi do PT ao PL, Motta herdou do padrinho a promessa de resolver a questão da anistia, mas ainda não conseguiu concluir a negociação. O episódio alimenta a percepção de que os acordos costurados sob sua liderança carecem de solidez.

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