A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados com 353 votos a favor e 134 contra, encontra forte resistência no Senado Federal. Levantamento do jornal O Globo aponta que 46 dos 81 senadores já se declararam contrários, apenas seis são favoráveis e outros seis não decidiram o voto.
Para ser promulgada, a PEC precisa de 49 votos favoráveis, cenário considerado improvável. Antes de chegar ao plenário, o texto passará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde 17 dos 27 integrantes já se manifestaram contra. O relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), também é contrário.
A proposta estabelece que processos criminais contra parlamentares só possam ser abertos com autorização das Casas Legislativas. Também prevê que prisões em flagrante por crimes inafiançáveis sejam avaliadas em até 24 horas, em votação secreta. Críticos afirmam que a medida representa um retrocesso, já que esse tipo de blindagem foi derrubado em 2001.
No Senado, a oposição à PEC é ampla e atravessa partidos. No PL, três senadores apoiam e três rejeitam, entre eles Magno Malta (ES). No PSD, oito dos 12 já se declararam contrários, incluindo o presidente da CCJ, Otto Alencar (BA). Na esquerda, oito dos nove senadores do PT também rejeitam a proposta.
Para analistas políticos, a diferença entre as Casas se explica pelo modelo de eleição. Deputados são eleitos pelo sistema proporcional, o que permite apoio segmentado, enquanto senadores disputam eleições majoritárias e precisam responder diretamente à opinião pública.