O dólar teve forte alta nesta quarta-feira (24), avançando 0,93% e encerrando o dia cotado a R$ 5,326. O movimento refletiu a recalibragem das expectativas sobre os juros dos Estados Unidos, após declarações cautelosas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que afastou a garantia de novos cortes no curto prazo.
Enquanto isso, a Bolsa brasileira (Ibovespa) oscilou durante o pregão, mas fechou em leve alta de 0,04%, aos 146.491 pontos, renovando pelo segundo dia consecutivo o recorde histórico de fechamento.
Powell adota tom cauteloso
Na véspera, Powell destacou os dilemas do Fed em relação ao ciclo de afrouxamento monetário. Segundo ele, reduzir juros “de forma muito agressiva” pode comprometer o combate à inflação, enquanto manter taxas elevadas por muito tempo pode prejudicar o mercado de trabalho.
“Os riscos de curto prazo para a inflação estão inclinados para cima e os riscos para o emprego para baixo. Quando nossos objetivos estão em tensão como esta, nossa estrutura nos chama para equilibrar ambos os lados do mandato duplo”, afirmou em discurso em Rhode Island.
Na semana passada, o Fed cortou a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4% e 4,25%, o primeiro corte do ano.
Repercussão no mercado
O discurso de Powell levou a uma valorização global do dólar. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda frente a outras divisas fortes, avançou 0,67%, a 97,88 pontos.
Nos EUA, o Treasury de 10 anos, referência global de investimentos, subiu 0,75%, a 4,151%. No Brasil, o real foi um dos mais penalizados, já que vinha sendo beneficiado pelas apostas de cortes mais agressivos nos juros americanos.
Cenário político e diplomático
Além da política monetária, o mercado acompanhou a repercussão do breve encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump durante a Assembleia-Geral da ONU. O republicano falou em “excelente química” com o brasileiro e prometeu uma reunião bilateral na próxima semana, acenando para possível desescalada das tensões comerciais.
Esse sinal ajudou a reduzir a cotação do dólar na véspera para R$ 5,277, menor valor desde junho de 2024, e sustentou o novo recorde da Bolsa.
Destaques corporativos
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Cosan: ações dispararam 5,67%, a R$ 6,70, após notícia de que o controlador, Rubens Ometto, negocia um empréstimo de R$ 750 milhões com o Bradesco para reforçar capital social.
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Petrobras: papéis ordinários e preferenciais subiram 2,54% e 2,25%, impulsionados pela alta do petróleo no mercado internacional.