Ser nordestino é motivo de orgulho. Comemorado nesta terça-feira (8), o Dia do Nordestino homenageia um dos povos mais fortes, criativos e acolhedores do país, símbolo de resistência, fé e alegria. A data foi criada em 2009, pela Câmara Municipal de São Paulo, em tributo ao poeta e compositor Patativa do Assaré, um dos maiores nomes da cultura popular nordestina.
O projeto foi proposto pelo então vereador e hoje deputado federal Francisco Chagas (PT), natural de Riachuelo (RN). Com o tempo, o 8 de outubro passou a representar oficialmente a celebração da identidade cultural do Nordeste.
Divergência de datas
Em 2019, a Câmara de São Paulo alterou a data para 2 de agosto, em homenagem a Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Mesmo assim, o 8 de outubro segue sendo o dia mais lembrado por governos, instituições, empresas e pela mídia, consolidando-se como o verdadeiro marco de reconhecimento da cultura nordestina.
Um mosaico de culturas e tradições
O Nordeste brasileiro é um território plural, com riqueza cultural, histórica e natural incomparável. De praias paradisíacas a sertões de fé e luta, a região abriga manifestações que encantam o país, como o forró, o frevo, o maracatu, o reisado e o bumba-meu-boi.
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Paraíba: Conhecida por suas praias preservadas, a força da cultura sertaneja e manifestações como reisado, ciranda, coco-de-roda e forró pé de serra. Na culinária, se destacam carne de sol, bode e buchada.
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Pernambuco: Berço do frevo e do maracatu, abriga o Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo, e celebra o Carnaval de rua com intensidade única.
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Piauí: Valoriza o Bumba-Meu-Boi e o Reisado, expressões que unem fé e arte popular.
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Alagoas: Terra do Guerreiro, espetáculo que mistura música, dança e teatro, símbolo da cultura popular.
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Sergipe: Celebra a tradicional festa dos Lambe Sujos e Caboclinhos, em Laranjeiras, no segundo domingo de outubro.
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Bahia: Símbolo da diversidade cultural brasileira, com festas como o Carnaval de Salvador, a Lavagem do Bonfim e as festas juninas do interior.
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Maranhão: Berço do Tambor de Crioula, Cacuriá e Bumba-Meu-Boi, expressões que unem ancestralidade e identidade afro-brasileira.
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Ceará: Terra do humor e da literatura, de nomes como Chico Anysio, Renato Aragão, José de Alencar e Rachel de Queiroz.
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Rio Grande do Norte: Mistura paisagens exuberantes, como as dunas e falésias de Natal, com manifestações como o Pastoril e o Boi de Reis.
O falar nordestino
A linguagem é outro traço marcante da identidade nordestina. Cada estado tem seu jeito de falar e expressões únicas que revelam a criatividade e o bom humor do povo.
Alguns exemplos populares:
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Paraíba: “abilobado” (sem juízo), “avoar” (jogar fora)
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Pernambuco: “arretado” (ótimo ou bravo), “tabacudo” (bobo)
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Bahia: “bater um baba” (jogar bola), “barril dobrado” (algo difícil)
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Ceará: “bregueço” (algo velho), “magote” (aglomerado de pessoas)
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Alagoas: “avalie” (imagine), “lomba” (algo engraçado)
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Maranhão: “égua” (espanto), “vai pra caixa prego” (vá embora)
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Piauí: “budejar” (falar muito), “isturdia” (estes dias)
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Rio Grande do Norte: “bagana” (ponta de cigarro), “bexiga taboca” (raiva)
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Sergipe: “a migué” (à toa), “pentcha” (admiração)
Orgulho e resistência
Mais do que uma data comemorativa, o Dia do Nordestino é um ato de valorização e respeito à história de um povo que ajudou a construir o Brasil com trabalho, arte, fé e coragem.
Como dizia Patativa do Assaré, o poeta que inspirou a data:
“O sertão é do tamanho da coragem do seu povo.”