Governo federal proíbe uso de linguagem neutra em documentos oficiais e estabelece regras da Política Nacional de Linguagem Simples

A norma tem abrangência nacional e vale para todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e para União, estados, Distrito Federal e municípios.

Fachada do Congresso Nacional. Brasília (DF) 22.04.2010 - Foto: Miguel Ângelo *** Local Caption *** Fachada do Congresso Nacional

O governo federal definiu que documentos oficiais dirigidos ao cidadão não poderão utilizar linguagem neutra, incluindo novas formas de flexão de gênero e número que não estejam previstas na norma-padrão da língua portuguesa. A determinação está prevista na Política Nacional de Linguagem Simples, instituída pela Lei 15.263/2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (17).

Com a nova lei, passa a ser obrigatório seguir as regras consolidadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Assim, estão vetadas formas como “todes”, “amigues”, “elu”, “delu”, entre outras expressões usadas por pessoas e grupos que adotam linguagem neutra.

A norma tem abrangência nacional e vale para todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e para União, estados, Distrito Federal e municípios. Cada ente público deverá editar normas complementares para regulamentar sua aplicação.

Objetivo da Política Nacional de Linguagem Simples
A nova legislação estabelece diretrizes para que a comunicação pública seja mais clara, objetiva e acessível. Segundo o governo federal, a iniciativa busca facilitar a compreensão de informações oficiais, fortalecer o direito de acesso à informação e reduzir a necessidade de intermediários no atendimento ao público.

Entre as técnicas previstas, os órgãos devem:

  • Priorizar frases curtas e de ordem direta;

  • Desenvolver apenas uma ideia por parágrafo;

  • Usar palavras comuns, explicando termos técnicos;

  • Evitar estrangeirismos não incorporados ao português;

  • Destacar as informações mais importantes logo no início;

  • Utilizar listas, tabelas e elementos visuais para facilitar a leitura;

  • Garantir acessibilidade para pessoas com deficiência;

  • Testar a compreensão dos textos com o público-alvo;

  • Não utilizar flexões de gênero ou número fora das regras tradicionais da língua.

Exceções e diversidade linguística
Embora proíba linguagem neutra, a lei determina que a comunicação governamental deve considerar a diversidade do país. Em comunidades indígenas, por exemplo, sempre que possível deverá haver uma versão do conteúdo na língua da comunidade. Segundo o Censo 2022, o Brasil possui 391 etnias e 295 línguas indígenas.

Contexto e posicionamentos anteriores
A Academia Brasileira de Letras (ABL) já havia se manifestado contrária à adoção da linguagem neutra em documentos oficiais, defendendo o uso das normas vigentes. No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou leis municipais e estaduais que obrigavam ou proibiam o uso da linguagem neutra em escolas, reforçando que cabe à União definir padrões curriculares.

A nova lei também foi assinada pela ministra da Gestão e da Inovação, Esther Dweck; pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; e pelo advogado-geral da União, Jorge Messias.

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