A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentou parecer favorável sobre a segurança e eficácia da vacina contra a dengue produzida pelo Instituto Butantan, que será o primeiro imunizante totalmente nacional para o combate à doença. O termo de compromisso assinado em 26 de novembro marca a etapa final de um longo ciclo de pesquisas e investimentos que contou com apoio do BNDES.
Com essa etapa concluída, o Ministério da Saúde fará a inclusão da vacina no calendário nacional, com oferta exclusiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é ampliar o acesso ao imunizante a partir de 2026, conforme a capacidade de produção do Butantan.
Na próxima semana, o Ministério da Saúde levará o tema a um comitê de especialistas e gestores do SUS, que definirá estratégia de vacinação e os públicos prioritários. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o imunizante 100% nacional permitirá traçar uma política de proteção em todo o país, viabilizada por uma parceria entre o Butantan e a empresa chinesa WuXi, responsável por ampliar a capacidade produtiva.
O Ministério da Saúde investe mais de R$ 10 bilhões por ano no Instituto Butantan, incluindo R$ 1,2 bilhão do Novo PAC Saúde destinados à expansão da estrutura produtiva. O Brasil foi o primeiro país a ofertar vacina contra a dengue na rede pública, distribuindo imunizantes importados para 2.700 municípios, onde mais de 7,4 milhões de doses já foram aplicadas. Para 2025, estão garantidas 9 milhões de doses, e outras 9 milhões estão previstas para 2027.
A nova vacina utiliza vírus vivo atenuado, tecnologia já consagrada em outros imunizantes. Nos estudos, apresentou 74,7% de eficácia contra dengue sintomática na população de 12 a 59 anos e 89% de proteção contra formas graves e com sinais de alarme, conforme publicação na The Lancet Infectious Diseases. A indicação inicial é para pessoas de 12 a 59 anos, podendo ser ampliada futuramente.
A Anvisa destacou o avanço representado pelo registro de uma tecnologia integralmente nacional e o papel do BNDES no apoio à pesquisa e à estruturação da produção. Desde 2017, o banco financiou o Butantan com R$ 97,2 milhões para ensaios clínicos e construção de planta produtiva. Em 2008, o Funtec já havia destinado R$ 32 milhões ao desenvolvimento de vacinas contra rotavírus, dengue e leishmaniose canina.
A aprovação também é resultado da cooperação internacional entre Brasil e China. Em missão oficial, o ministro Alexandre Padilha visitou a WuXi Vaccines, parceira no desenvolvimento e futura produção em larga escala. A nova vacina protege contra os quatro sorotipos da dengue em dose única, representando um avanço científico com potencial para transformar o enfrentamento da doença no país.
Mesmo com a queda de 75% nos casos de dengue em 2025 em comparação a 2024, o Ministério da Saúde reforça a importância do combate ao Aedes aegypti. Até outubro, o país registrou 1,6 milhão de casos prováveis, com maior concentração em São Paulo (55%), seguido por Minas Gerais, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul. Os óbitos, que somaram 1,6 mil, também tiveram redução de 72% em relação ao ano anterior.




