Com as restrições impostas pela necessidade de isolamento social, constatou-se o crescimento no número de pessoas em busca de um relacionamento virtual. Não só por aqueles que desejam aplacar os momentos de solidão, mas também por aqueles que querem aproveitar o momento e selecionar com mais critério os seus prováveis parceiros. Ao mesmo tempo, observou-se que o número de “casado, mas procurando” tem registrado sucessivos recordes. A procura por relações extraconjugais, talvez provocadas pela intensa convivência e conflitos com o parceiro oficial, é um dos muitos reflexos da insatisfação provocada pela quarentena.
Na plataforma de relacionamento sugar MeuPatrocínio, a pioneira no Brasil, o crescimento foi da ordem de 80% no número de cadastros semanais. Antes do início da quarentena, 20 mil novos cadastros eram realizados semanalmente, hoje, o MeuPatrocínio está atendendo 36 mil novos usuários no mesmo período. Outra diferença observada foi o tempo de permanência no site, cerca de 90 minutos diários, contra os 30 minutos da média anterior. Os usuários estão mais focados nas telas de mensagens, listas de destaques e buscas. Antes da pandemia, a plataforma registrava 136 mil mensagens enviadas por dia. E, atualmente, mais de 1 milhão de mensagens são trocadas entre os usuários.
Comparativamente, no período de março a junho de 2019, o site recebeu 320 mil cadastros. Destes, 48 mil foram de Sugar Daddies, homens maduros, poderosos em busca de um relacionamento transparente, com objetivos alinhados com sua Sugar Baby desde o início. No momento do cadastro, 20.800 daddies(43,3%) informaram ser solteiros, 19.040 (39,7%) registraram-se como “separado, divorciado ou viúvo” e 8.160 (17%) revelaram ser “casado, mas procurando”. Já de março a junho de 2020, período da pandemia, o número de cadastros totalizou 476 mil, sendo 71.400 de Sugar Daddies. Entre eles, 28.560 (40%) registraram-se como solteiros, 21.420 (31,5%) como “separado, divorciado ou viúvo”, e 20.349 (28,5%) afirmaram ser “casado, mas procurando”. O crescimento entre aqueles que buscam uma relação extraconjugal chegou a quase 150%.
Verifica-se que, apesar do aumento na procura por casos extraconjugais, o risco de traição sempre esteve presente nos relacionamentos. Não foi a pandemia a única responsável pelo crescimento de “casados, mas procurando”. A ideia de buscar algo fora da relação oficial já estava latente, já existia anteriormente. O isolamento e o desgaste natural de uma convivência 24h por dia só abriram a porta para uma nova possibilidade. Aceitar ou não a modalidade de “relacionamento paralelo”, sem juízo de valor, cabe aos envolvidos.