O historiador Laurentino Gomes, em uma de suas expedições antropológicas, visitou uma região chamada de ‘maternidade’ que era utilizada para reprodução de escravos na Paraíba. O pesquisador considera como um dos lugares mais sombrios da história da escravidão no Brasil. “A maternidade” fica localizada na área rural da cidade de Remígio, no Agreste paraibano. O local era destinado a reprodução em alta escala, de forma sistemática e os bebês eram comercializados em vendas locais. O portal teve acesso ao conteúdo, ao analisar a publicação do pesquisador feita nesta terça-feira (27) em seu perfil no Twitter.
De acordo com o professor, o fazendeiro Domingos Jorge Torres, na primeira metade do século XIX usou parte de suas terras na cidade paraibana para montar as senzalas da ‘maternidade’. “As escravas ficavam grávidas, tinham os filhos, e depois o Jorge Torres vendia-os na região”, explica.
Ainda segundo ele, existem poucos registros na história do Brasil acerca de senzalas ‘maternidades’. Já nos Estados Unidos existe bastante registro histórico desses locais, país que obteve um grande negócio no Estado da Virginia, onde existiram ‘criatórios’ de escravos depois da proibição do tráfico negreiro africano em 1808.
Ainda segundo ele, pelas leis da escravidão, “cabia ao senhor o controle da reprodução física dos escravos, cujos filhos não lhes pertenciam. A própria sexualidade, portanto, estava sob domínio senhorial. Há notícias de recém-nascidos arrematados em leilões ou oferecidos em anúncios de jornais”, relata.