O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recomendou cautela aos integrantes do conselho político de sua pré-campanha à Presidência diante do aumento de episódios de violência contra o PT.
Ele disse ainda que haverá grandes atos em estados como São Paulo e Minas Gerais e que não se deve responder às provocações com violência. “Traduzindo o que Lula recomendou, vamos responder com flores”, diz o presidente da UGT, Ricardo Patah, que participou da reunião.
A coligação em torno do nome de Lula nas eleições reúne sete partidos: PT, PSB, PSOL, Rede, PV, PC do B e Solidariedade.
Segundo Raimundo Bonfim, que coordena a CMP (Central de Movimentos Populares), Lula afirmou várias vezes em sua fala o desejo de ir às ruas durante a campanha.
À imprensa a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), disse que o ex-presidente fez a avaliação de que isso é um fato novo e que “nunca tivemos uma situação dessas em campanhas políticas no Brasil”.
A deputada disse que é preciso haver um “contraponto institucional” e cobrou do Congresso e do TSE campanhas alertando sobre a violência política e a importância de haver uma eleição pacífica.
“É preciso ter normativos do TSE, protocolos sobre essa questão de segurança. Não pode uma campanha cercar a outra, agredir a outra, tem que ter um normativo. O TSE gosta de normatizar, pode fazer isso”, disse.
A parlamentar disse que os partidos da coligação ainda estudam como formular manifestação junto ao TSE para que Bolsonaro e até mesmo o seu partido, o PL, sejam responsabilizados. “Toda a vez que tiver uma frase gatilho do Bolsonaro para ativar um ato de violência ele ou o PL têm que responder por isso.”
Gleisi também fez um convite para que outros partidos e campanhas se juntem nessa iniciativa.
Ao ser questionada se o PT buscaria diálogo com a equipe de Bolsonaro, a parlamentar afirmou que isso seria “ridículo, porque a campanha dele que está fazendo todo o movimento de ódio”.
“Não vivíamos isso no processo eleitoral brasileiro. Isso é recente e tem nome e endereço. É o movimento que foi deflagrado por Jair Bolsonaro. O movimento do ódio, da eliminação”, afirmou.
Ela disse ainda que a campanha não se intimidará com esses casos. “Não vai ser essa violência bolsonarista que vai fazer a gente recuar. Vamos continuar firmes na campanha.”
Segundo Gleisi, não haverá mudanças no esquema de segurança de Lula. “Tudo o que precisava encaminhar de segurança da campanha já está sendo encaminhado. Nossa principal segurança é o povo na rua e a mobilização”, continuou.
Nota divulgada pela pré-campanha petista afirma que os partidos da coligação, em comum acordo, decidiram entrar com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e pedir à PGR (Procuradoria-Geral da República) a federalização da investigação do assassinato do político petista Marcelo Arruda, morto por um bolsonarista na noite de sábado (9) em Foz do Iguaçu, Paraná.
“Os presidentes dos partidos repudiaram a violência política e defenderam ampla mobilização de instituições e partidos comprometidos com a democracia em favor e contra a escalada da violência de forma a garantir uma disputa civilizada na campanha política”, diz o texto.
Representantes dos partidos terão reunião na PGR nesta terça (12), às 15h, para tratar da federalização das investigações. Na quarta (13), eles deverão se reunir com o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que irá presidir o TSE a partir de 16 de agosto.
Em nota, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), afirma que a polícia civil do estado tem a “maior média de resolução de homicídio do Brasil”, que ele solicitou ao secretário de segurança pública “celeridade e transparência nas investigações e que as mesmas ocorram sem interferência política”.
“Caso se decida pela federalização, o governo do Estado vai cumprir a decisão”, diz o texto.
Gleisi afirmou ainda que o PT irá oferecer assistência jurídica aos familiares de Marcelo, destacando um advogado assistente para acompanhar o processo.