Saiba quais são os grupos de risco da varíola dos macacos

Complicações podem incluir infecções bacterianas secundárias, broncopneumonia, sepse, encefalite e infecção da córnea com consequente perda de visão

Desde que começou a se espalhar fora da África, no início de maio deste ano, no maior surto já registrado, a varíola do macaco (monkeypox) não tem demonstrado uma taxa de letalidade alta. Pelo contrário, com mais de 21 mil casos confirmados, ocorreram apenas cinco óbitos – todos no continente africano.

A morte de um paciente no Brasil, registrada nesta sexta-feira (29), é a primeira fora da África e acende um sinal de alerta, já que essa doença pode evoluir e se tornar perigosa para determinados grupos.

A vítima brasileira era um homem, segundo o Ministério da Saúde, “com imunidade baixa e comorbidades, incluindo câncer (linfoma), que o levaram ao agravamento do quadro”. O paciente foi transferido para UTI e morreu de choque séptico, agravado pela infecção pelo vírus monkeypox.

Esse é um dos grupos de risco da varíola do macaco, destacou em entrevista coletiva, na quarta-feira (27), a líder técnica de monkeypox da OMS, Rosamund Lewis.

“Algumas pessoas têm o sistema imunológico mais fraco, seja por doença, seja, por exemplo, por quimioterapia ou outros tratamentos.”

Isso inclui alguns pacientes com HIV, doenças autoimunes, transplantados e indivíduos em tratamento de câncer.

Também nesta sexta-feira, a cidade de São Paulo confirmou três casos de crianças infectadas pelo vírus monkeypox. Esse é outro grupo de risco.

“Crianças têm um risco aumentado de doença grave – isso não quer dizer que qualquer criança que contraia a doença terá um quadro severo. […] As crianças ainda estão formando seu sistema imunológico”, acrescentou Rosamund.

Em seu site, a OMS ressalta que “casos graves ocorrem mais comumente entre crianças e estão relacionados à extensão da exposição ao vírus, estado de saúde do paciente e natureza das complicações”.

As gestantes também são consideradas grupo de risco da varíola do macaco.

Um estudo realizado em 16 países e publicado na semana passada no The New England Journal of Medicine mostrou que, de 528 casos analisados, em 13% deles foi necessária a internação, na maioria das vezes para “controle da dor”, principalmente dor anorretal severa (21 pacientes).

Também houve hospitalizações por superinfecção de tecidos moles (18); faringite limitando a ingestão oral (5); lesões oculares (2); lesão renal aguda (2); miocardite (2); e fins de controle de infecção (13).

A OMS confirma que a taxa de internação no surto atual gira em torno de 10%. A agência lista como possíveis complicações “infecções secundárias, broncopneumonia, sepse, encefalite e infecção da córnea com consequente perda de visão”.

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