Ter um time diverso, que consegue pensar em várias possibilidades e mercados, virou um grande trunfo para as empresas alcançarem um público cada vez maior. Nesse cenário, algumas habilidades dos profissionais acima de 50 anos passaram a ser vistas como estratégicas para os negócios. Na lista de competências estão comprometimento, inteligência emocional e experiência.
Hoje com 120 colaboradores, a maioria entre 18 e 35 anos, a companhia quer equilibrar o quadro com mais diversidade etária e inclusão. “Profissionais com mais de 50 anos já conhecem seus pontos fortes e fracos, suas habilidades de comunicação estão mais apuradas e podem ser bons líderes por causa do tempo no mercado de trabalho.” Além disso, diz o executivo, esses profissionais são mais comprometidos com a empresa, trazem uma cultura corporativa e diminuem a rotatividade.
Essas também são as características que movem a fundadora e diretora financeira da rede de academias Red Fitness, Ellen Fernandes, em busca de profissionais mais velhos. A empresa já tem uma participação relevante em algumas áreas, como nos cargos de gestão, em que 90% dos funcionários estão nessa faixa etária. Entre os treinadores físicos, no entanto, a representatividade cai para 10%.
“O mercado de trabalho, principalmente o fitness, busca inovação ao mesmo tempo que quer experiência e profissionais com inteligência emocional, que é fundamental para conviver com o estresse do cotidiano e atuar com trabalhos em equipe.” No geral, afirma Ellen, profissionais mais velhos são mais responsáveis nas entregas, sem a necessidade de o líder ficar monitorando de perto o dia a dia.
CULTURA. Com uma agenda sólida de iniciativas voltadas ao tema de diversidade e inclusão, a PepsiCo criou o programa Golden Years. O objetivo é combater o etarismo, abrindo espaço para profissionais com mais de 50 anos. Hoje, mais de mil pessoas (cerca de 8,3% do time) na empresa são dessa faixa etária e estão alocadas em todos os níveis e áreas. Segundo a empresa, a rotatividade desse público é 49% menor; o absenteísmo, 27% mais baixo; e o engajamento, 3% superior.
“Para todas as nossas oportunidades, buscamos e valorizamos talentos que tenham habilidades e soft skills que vão além da técnica e possam agregar conhecimento com experiências profissionais e pessoais”, afirma Fábio Barbagli, vice-presidente de RH da PepsiCo Brasil. “Profissionais 50+, especificamente, trazem uma bagagem de experiências que para nós é muito valiosa.”
TROCA PRODUTIVA. Outra empresa que apostou nos profissionais acima de 50 anos foi o Grupo Águia. Para o projeto de Copa do Mundo, que reúne Stella Barros, Top Service, Gray Line, Lynx Aviação e 4BTS, a diretora de cultura, Agatha Abrahão, conta que foram contratados seis coordenadores, todos com mais de 50 anos. “Eles têm skills fortes de operações de grandes eventos, com um currículo imenso de experiência em Copas do Mundo e no Panamericano”, destaca a executiva. “Precisa de uma visão muito abrangente de cenários e riscos. Tem de ter uma escola muito forte.”
Ela conta que, a exemplo do que ocorre no projeto, a diversidade etária sempre foi orgânica no grupo. A heterogeneidade do time acaba criando uma mentoria informal entre os mais velhos e os profissionais mais jovens. “Os 50+ também veem a oportunidade de aprendizagem com os mais jovens. É uma troca produtiva.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.