O Cidadania vive uma crise interna que pode resultar na destituição do presidente nacional do partido, Roberto Freire, que ocupa o cargo há 31 anos. Uma reunião da Executiva Nacional da sigla, realizada neste sábado (19), terminou em xingamentos, acusações e gritos entre os dirigentes, que aprovaram por 13 votos a 10 uma resolução para antecipar a eleição de uma nova Executiva Nacional. As informações são do Parlamento PB.
A resolução prevê que o Diretório Nacional da sigla decida no dia 9 de setembro sobre a mudança no comando do partido. Freire não pode se reeleger por uma alteração recente no estatuto.
O dirigente do Cidadania na Paraíba, Nonato Bandeira, criticou duramente a gestão de Freire. “O Cidadania era um dos maiores partidos do Brasil e você conseguiu a façanha de destruir não só com uma intervenção absurda como colocando no comando da federação alguém que tinha sido expulso por corrupção do PSDB. Não transfira suas responsabilidades. Ninguém aguenta você provocar um por um todo mundo que tem um mínimo de discordância. Tenha compostura de presidente. Você perdeu a compostura e quem perde a compostura não tem condições de liderar”, disse Bandeira.
Freire reagiu aos ataques e mandou os dirigentes “calar a boca”. Em um momento de exaltação, ele chegou a dizer, num ato falho, que querem tirá-lo da “presidência da República”. No vídeo da briga, é possível ouvir trocas de acusações e ofensas como “caudilho”. O ex-deputado federal Daniel Coelho saiu em defesa de Freire e chamou um dirigente de “picareta” e “vagabundo”.
A crise no Cidadania reflete as divergências sobre os rumos do partido. O Diretório Nacional do Cidadania aprovou neste ano o apoio ao governo Lula, mas a bancada de cinco deputados federais anunciou independência desde então. Esse grupo quer levar o partido a se alinhar ao bolsonarismo e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que controla os deputados por meio de liberação de verbas.
Em meio a isso, caciques reclamam da federação com o PSDB, que permitiu ao Cidadania manter tempo de televisão e fundo partidário mas é citada como motivo para a desfiliação de três senadores desde março do ano passado.
Freire afirmou, em entrevista à Coluna do Estadão, que a eleição antecipada de uma nova Executiva seria uma tentativa de expulsá-lo da sigla. Ele disse que querem retirá-lo para “aderir ao governo Lula”. “O que pretendem é me expulsar do partido. Querem me tirar, porque querem aderir ao governo Lula. Não vou reconhecer essa reunião do dia 9 de setembro como legítima”, declarou Freire.