O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou o acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Lula, Bolsonaro está “altamente comprometido” nas investigações.
“Eu acho que ele tá altamente comprometido. A cada dia vai aparecendo as coisas, e a cada dia nós vamos ter certeza de que havia a perspectiva de golpe e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes”, afirmou durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11).
Lula evitou comentar os detalhes sobre o acordo de delação premiada de Cid, que foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no sábado (9).
O presidente disse que não pode dar palpite no que não conhece: “Não sei o que está lá. Só sabe o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação”.
Por fim, Lula ainda afirmou que Bolsonaro estava preocupado em “vender as joias” e que o ex-presidente é “responsável por parte das coisas ruins que aconteceram” no Brasil.
“É isso que vai ficar claro, o tempo vai se encarregar. A única chance que ele tinha de não participar disso é quando ele estava preocupado em vender as joias”, disse.
A delação
O ministro Alexandre de Moraes homologou a delação de Mauro Cid após um acordo de colaboração fechado entre o ex-ajudante de ordens e a Polícia Federal.
A delação em questão está ligada ao inquérito das milícias digitais e a todas as investigações conexas, como a apuração sobre a venda de presentes oficiais recebidos pelo governo Bolsonaro.
Em relação ao inquérito das milícias digitais, a PF investiga a suposta existência de uma organização criminosa que teria a finalidade de atentar contra o Estado Democrático de Direito.
Cid foi preso em maio deste ano, durante uma operação da PF para investigar a inserção de dados falsos de vacinação no sistema do SUS e emissão de certificados de imunização contra a Covid-19.
Após o acordo de delação ser homologado, Cid teve a liberdade provisória concedida pelo STF. Ele deixou a prisão ainda no sábado e deve usar tornozeleira eletrônica.
Decisão de Moraes
A liberdade provisória concedida a Mauro Cid pelo ministro Alexandre de Moraes possui medidas cautelares. Ou seja, o ex-ajudante de ordens terá de seguir as seguintes determinações impostas pelo STF:
- uso de tornozeleira eletrônica;
- comparecimento em juízo em 48 horas, e comparecimento semanal posterior, às segundas-feiras;
- proibição de sair do país e entrega do passaporte em 5 dias;
- cancelamento de todos os passaportes emitidos pelo Brasil em nome dele;
- suspensão de porte de arma de fogo, assim como de certificado de registro para coleção, tiro esportivo e caça;
- proibição de uso de redes sociais;
- proibição de falar com outros investigados, inclusive por meio de seus advogados. As exceções são a mulher, filha e pai dele.
Moraes ainda determinou o afastamento do tenente-coronel do exercício das funções de seu cargo de oficial no Exército. Na decisão, Moraes afirma que, em caso de descumprimento das medidas cautelares, Cid deve voltar para a prisão.