El Niño entra em fase final, mas efeitos do fenômeno devem ser sentidos até o outono

Anomalias devem começar a perder intensidade ao longo de fevereiro e março. Entre abril e maio, a expectativa é que as temperaturas voltem à normalidade

Apesar da previsão de enfraquecimento do El Niño nos próximos meses, os efeitos do fenômeno devem ser sentidos até abril, de acordo com os meteorologistas. A expectativa é que as anomalias comecem a perder intensidade ao longo de fevereiro e março e que, entre abril e maio, as temperaturas do Oceano Pacífico voltem à normalidade.

Caracterizado pelo aquecimento maior ou igual a 0,5°C das águas do Oceano Pacífico, o El Niño acontece com frequência a cada dois a sete anos. A duração média do fenômeno é de doze meses, gerando um impacto direto no aumento da temperatura global.

Com uma alta na temperatura das águas que chegou a superar os 2°C, o El Niño de 2023-2024 é o mais forte dos últimos anos. Alguns especialistas chegaram a considerar o fenômeno um Super El Niño pela sua intensidade e extensão.

“Esse El Niño, além de ter sido o mais forte desde 2015-2016, chamou atenção por seu comportamento. Houve uma expansão da faixa de aquecimento do Pacífico para outras áreas que não costumavam ficar tão aquecidas em fenômenos anteriores”, analisa Vinícius Lucyrio, climatologista da Climatempo.

Enfraquecimento do El Niño
Atuando desde junho de 2023, o El Niño teve seu pico entre dezembro e janeiro. Nesse período foram registrados os maiores níveis de aquecimento do Oceano Pacífico.

Mesmo após o ápice do fenômeno, os meteorologistas explicam que o aquecimento das águas ainda está bem evidente nas estimativas por satélite e mostram forte intensidade.

O relatório mais recente da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) aponta que o Niño 3.4 segue com um aquecimento de 1,8°C. Apesar de estar um pouco abaixo do pico registrado, o valor ainda é considerado alto.

A região do Niño 3.4 é a faixa do Pacífico Equatorial Centro-Leste usada como uma das principais referências para as análises e previsões relacionadas ao El Niño.

Ana Lúcia Frony, meteorologista e sócia-fundadora do Climate Change Channel, explica que as imagens de satélite ainda não apontam o enfraquecimento do fenômeno, mas que já há algumas mudanças.

“As animações que mostram as anomalias da temperatura das águas não superficiais indicam o início de um arrefecimento do El Niño”, comenta.
Vinícius destaca que em algumas áreas, como na costa do Peru e do Equador, também há sinais de uma perda de intensidade do fenômeno, com anomalias menos significativas.

Segundo os meteorologistas, a tendência é que, ao longo dos próximos meses, o El Niño siga perdendo intensidade. A partir de abril, a temperatura das águas do Oceano Pacífico deve voltar à média, com a consequente diminuição das manchas vermelhas nas estimativas por satélite, que indicam aquecimento.

Efeitos para o Brasil
Mesmo com a previsão de enfraquecimento do fenômeno nos próximos meses, ele deve seguir influenciando o clima no Brasil.

“É bem provável que ao longo do outono a gente ainda perceba os efeitos do El Niño em nível nacional”, comenta o meteorologista Vinícius Lucyrio. Ele destaca que as principais consequências para clima brasileiro são:

Temperaturas acima do normal em todo o Brasil
Ana Lúcia Frony também pontua que os efeitos do fenômeno às vezes podem se estender por até um mês após as temperaturas das águas voltarem à média.

Expectativa de La Niña
Após o fim da atuação do El Niño e os meses da chamada fase neutra – em que as águas do Oceano Pacífico não estão sob influência de nenhum fenômeno – há a expectativa da instalação do La Niña.

O La Niña ocorre quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Ele é estabelecido quando há uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas do oceano. O fenômeno acontece a cada 3 a 5 anos.

De acordo com a NOAA, há possibilidade do La Niña acontecer no segundo semestre de 2024. Lucyrio afirma que ainda é difícil precisar a duração e a intensidade do fenômeno, mas é provável que ele se instale entre junho e agosto.

Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:

  • Aumento de chuvas no Norte e no Nordeste;
  • Tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares;
  • Tendência de tempo mais seco no Sul;
  • Condição mais favorável para a entrada de massas de ar frio no Brasil, gerando maior variação térmica.

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