A taxa de desemprego no Brasil deverá se manter em níveis historicamente baixos em 2025, mesmo com a desaceleração projetada do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com economistas consultados. A expectativa é que o desemprego feche o quarto trimestre do próximo ano perto de 6%, patamar semelhante ao atual.
Atualmente, a taxa de desemprego está em 6,2%, a mínima histórica da série iniciada pelo IBGE em 2012. Mesmo com o crescimento do PIB projetado para desacelerar de 3,4% em 2024 para 2% em 2025, analistas acreditam que o mercado de trabalho seguirá aquecido.
Impactos da desaceleração econômica
A previsão para o PIB de 2025 reflete o impacto de fatores como a elevação da taxa de juros, que reduz o consumo e afeta setores como serviços e indústria. Além disso, a limitação fiscal para novas medidas de estímulo por parte do governo também deve contribuir para o freio na atividade econômica.
Apesar disso, economistas destacam que o crescimento econômico acima de 1,5% – o chamado PIB potencial – tende a sustentar o mercado de trabalho. “Enquanto o PIB crescer acima do seu potencial, haverá pressão para contratar mais trabalhadores e a taxa de desemprego deve continuar baixa”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
Reforma trabalhista e mudanças estruturais
A redução da taxa de desemprego também está associada a fatores estruturais. Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, aponta que setores como serviços, tecnologia e infraestrutura têm ampliado a geração de empregos. Além disso, mudanças como a reforma trabalhista e o aumento de programas sociais também contribuíram para melhorar as condições do mercado de trabalho.
Outro fator relevante é a dinâmica demográfica. O envelhecimento da população e a antecipação de aposentadorias após a reforma da Previdência reduziram a pressão sobre o índice de desocupação, que também permanece abaixo do nível pré-pandemia.
Desafios para 2025
Apesar da resiliência do mercado de trabalho, os economistas alertam para riscos associados ao cenário fiscal e à pressão inflacionária. O crescimento do consumo acima do PIB potencial pode levar a um desequilíbrio econômico, segundo Claudia Moreno: “Se o crescimento superar o potencial, há risco de inflação mais alta, o que pode comprometer a sustentabilidade econômica”.
A MB Associados projeta que o desemprego pode subir para 6,6% até o final de 2025, caso a desaceleração seja mais acentuada devido a uma eventual crise fiscal. Ainda assim, esse índice seria considerado baixo para os padrões históricos do Brasil.
Por outro lado, setores como agropecuária devem oferecer suporte ao PIB em 2025, com previsão de recuperação após a quebra de safra em 2024, enquanto serviços e indústria deverão sentir mais os efeitos dos juros elevados sobre o consumo.
Apesar das incertezas, o consenso entre os analistas é que o Brasil entrará em 2025 com um mercado de trabalho ajustado e taxas de desemprego controladas, refletindo um cenário de resiliência econômica frente aos desafios previstos.