Aliados do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), que atualmente exerce a presidência da Câmara dos Deputados, reagiram com firmeza aos ataques vindos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando a pressão pela aprovação da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro como um verdadeiro “tiro no pé”.
A avaliação de parlamentares do Centrão, grupo político no qual Motta tem forte influência, é de que a ofensiva bolsonarista enfraqueceu as chances de avanço do projeto no Congresso. A proposta prevê anistia a condenados e investigados por atos antidemocráticos, mas enfrenta resistência mesmo entre deputados do próprio Centrão, bloco essencial para sua tramitação.
Durante o ato realizado neste domingo (6), na Avenida Paulista, o pastor Silas Malafaia, um dos principais nomes da ala bolsonarista, atacou publicamente Hugo Motta, chegando a chamá-lo de “vergonha da Paraíba”. Interlocutores próximos ao deputado apontam Malafaia como a linha de frente dos ataques que Bolsonaro prefere manter nos bastidores.
A postura de confronto gerou desconforto entre parlamentares que, embora abertos a debater a redução de penas, se opõem a uma anistia ampla nos moldes defendidos pelo bolsonarismo — medida que, segundo apontam, poderia até beneficiar o próprio Bolsonaro, ainda pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O clima de tensão aumentou após o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), anunciar que nesta segunda-feira (7) divulgará a lista com cerca de 180 deputados que assinaram o requerimento de urgência da proposta. Cavalcante classificou a ação como a “última chance” para os indecisos se posicionarem.
No entanto, a tentativa de pressionar o Congresso pode ter surtido efeito contrário. Aliados de Hugo Motta apontam que a estratégia bolsonarista desgastou o diálogo com o Centrão, e pode ampliar a rejeição à proposta no plenário. Para esses parlamentares, a articulação política requer mais construção e menos imposição.