Após um semestre marcado por queda expressiva na arrecadação, o prefeito de Cabedelo, André Coutinho (Avante), anunciou um pacote de medidas administrativas que, embora travestidas de responsabilidade fiscal, expõem o descontrole financeiro e a falta de planejamento da gestão municipal.
Segundo a administração, a redução da cota-parte do ICMS teria sido o principal fator do desequilíbrio nas contas. No entanto, analistas apontam que a real causa da crise é mais profunda: um modelo de gestão inchado, politicamente motivado, baseado em apadrinhamentos e pouco transparente na execução de contratos e despesas públicas.
Mesmo com cortes de “despesas não essenciais”, revisão de contratos e promessas de preservar o funcionalismo, a própria prefeitura admite que foi forçada a desmontar parte da estrutura administrativa — uma medida que evidencia a gravidade da situação. A narrativa de austeridade adotada por Coutinho tenta suavizar o impacto de decisões mal calculadas, que agora recaem sobre os serviços e o futuro da cidade.
Enquanto isso, o prefeito afirma estar articulando com a bancada federal e buscando recursos em outras esferas de governo. Contudo, não apresentou até o momento nenhum plano concreto de geração de receitas próprias, modernização da arrecadação ou diversificação da economia local. A dependência excessiva de repasses e emendas revela a fragilidade estrutural das finanças cabedelenses e o improviso administrativo com que os problemas têm sido enfrentados.
As declarações da prefeitura de que os cortes não afetarão serviços essenciais também soam desconectadas da realidade vivida por muitos moradores, que já observam redução na oferta de serviços, atraso em pagamentos e abandono de projetos iniciados e não concluídos.
Em meio à crise, a gestão de André Coutinho tenta vender normalidade, quando o que se vê é um governo acuado, refém de seus próprios erros e decisões políticas questionáveis, recentemente agravados por sua cassação na Justiça Eleitoral por abuso de poder político e econômico.
Cabedelo precisa de um projeto administrativo sério, transparente e capaz de reagir com estratégia e competência às crises econômicas. O que se tem visto até aqui é um amontoado de justificativas e cortes improvisados para encobrir uma gestão que perdeu o rumo e agora corre contra o tempo para salvar a própria imagem.