O presidente da Câmara Federal, o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), acumula atritos com diferentes setores políticos após seis meses à frente do Legislativo, segundo reportagem publicada na noite deste sábado (19) pelo portal Folha de São Paulo. O parlamentar, que chegou ao cargo com apoio de uma aliança que envolveu desde o PT até deputados da extrema direita, agora enfrenta críticas do Palácio do Planalto, da oposição bolsonarista e até de aliados próximos.
De acordo com a matéria, integrantes do governo Lula têm demonstrado desconfiança em relação a Motta, apontando falta de clareza nos compromissos políticos e dificuldades na condução de acordos anteriormente costurados com o Executivo. O desgaste teria se agravado com o veto presidencial ao projeto que aumentaria o número de deputados federais, medida articulada por Motta para evitar a perda de cadeiras de estados como a Paraíba.
O veto, feito sem aviso prévio à cúpula da Câmara, foi interpretado como uma retaliação velada do Planalto. O episódio provocou mal-estar e levou o deputado a se ausentar do plenário para conversar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, atitude vista como sinal de fragilidade e de condução isolada, gerando novas críticas internas.
Ainda segundo a Folha, a base governista acusa Motta de descumprir acordos, como a relatoria da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, que teria sido prometida ao PT, além da indicação de um nome petista ao Tribunal de Contas da União (TCU). Há ainda reclamações sobre a falta de articulação em torno de temas fiscais, como a discussão de alternativas ao aumento do IOF.
Na oposição, deputados ligados ao bolsonarismo também manifestam insatisfação, sobretudo quanto à falta de avanço na votação da proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Eles afirmam que Motta dá sinais favoráveis nos bastidores, mas evita levar a pauta ao plenário, o que tem causado embates em sessões recentes da Câmara.
Apesar das turbulências, aliados do deputado destacam conquistas na condução da Casa, como a aprovação da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o apoio a pautas do agronegócio e da segurança pública, ainda que algumas medidas estejam em tramitação nas comissões.
Paralelamente às disputas políticas, o presidente da Câmara também lida com denúncias envolvendo supostos funcionários fantasmas em seu gabinete, o que amplia a pressão sobre sua gestão.
No balanço do semestre, Hugo Motta encerra o período em um cenário de forte tensão, tentando se afirmar como uma liderança independente, mas enfrentando cobranças crescentes dos dois principais polos da política nacional: o governo Lula e a oposição bolsonarista.