A Justiça da Paraíba determinou, nesta sexta-feira (22), a quebra do sigilo e a reconstituição do caso da chacina de Conde, ocorrida em fevereiro deste ano, após identificar fragilidades nos depoimentos de policiais militares e contradições nos laudos periciais.
Segundo o Ministério Público da Paraíba (MPPB), os policiais retiraram do local os veículos utilizados pelas vítimas, inicialmente descrevendo o episódio como uma troca de tiros. Contudo, os laudos periciais descartaram essa hipótese.
A perícia apontou que um dos carros tinha 74 perfurações e o outro 19, além de constatar que as cinco vítimas foram atingidas na cabeça e na nuca, o que reforça a suspeita de execução. A análise balística também concluiu que os disparos partiram de fora para dentro dos veículos, contradizendo a versão dos agentes.
A defesa dos policiais entrou com pedido de habeas corpus e afirmou que os agentes estão colaborando com as investigações, negando provas de fraude processual ou execução. A defesa destacou ainda que as prisões decretadas são temporárias, apenas para auxiliar na coleta de informações.
Até o momento, cinco dos seis policiais investigados estão custodiados no 5º Batalhão, no Varadouro, em João Pessoa. Um tenente, que estava de férias nos Estados Unidos, também deve ser transferido em breve para a capital.
A chacina ocorreu em 15 de fevereiro, na Ponte dos Arcos, entre Conde e João Pessoa. Na ocasião, cinco jovens — com idades entre 16 e 26 anos — morreram após a ação da Polícia Militar, que alegou ter sido recebida a tiros. As vítimas teriam ligação com uma facção criminosa e, segundo a PM, planejavam vingar um feminicídio no município. Todos foram levados pela própria polícia ao Hospital de Trauma de João Pessoa, mas chegaram já sem vida.