A cultura foi colocada no centro do debate político eleitoral na Paraíba nesta semana. O deputado estadual Tovar Correia Lima (PSDB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), nesta terça-feira (30), para questionar o Governo do Estado sobre a presença de obras do Museu Assis Chateaubriand (MAAC), de Campina Grande, no Palácio da Redenção, em João Pessoa. Entre elas, estão Perna de Pau, de Cândido Portinari, e Jesus, de Pedro Américo.
Por trás da fala, a movimentação foi lida como mais um episódio de “dor de cotovelo” do grupo Cunha Lima, que governou a Paraíba em três mandatos, dois com o ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) e um com Ronaldo Cunha Lima, nunca conseguiu nem restaurar o Palácio da Redenção nem criar um Museu de História da Paraíba; iniciativas que agora se tornaram concretas sob a gestão de João Azevedo (PSB).
A Secretaria de Estado da Cultura esclareceu que o Governo firmou convênio com a Furne, gestora do MAAC, para expor temporariamente dez obras de artistas como Portinari, Pedro Américo, Anita Malfatti e Di Cavalcanti, dentro da inauguração do Museu de História da Paraíba, no próximo dia 3 de outubro, junto à requalificação do Palácio da Redenção.
Para o historiador Gustavo Souto, o comentário feito por Tovar foi mera reação política, de quem perdeu a oportunidade histórica de realizar. Ele destacou a importância do museu como resgate histórico e perpetuação de identidade para as novas gerações.
“É curioso ver críticas de quem teve nas mãos o poder por anos e deixou o Palácio da Redenção abandonado, sem dar ao povo paraibano o direito de um Museu de História. A atual gestão, com João Azevêdo, conseguiu entregar a restauração e criar um espaço que projeta a Paraíba no cenário cultural. Esse tipo de questionamento soa mais como ressentimento do que preocupação real”, disse.
Ainda conforme Souto, enquanto governos anteriores deixaram a memória paraibana sem espaço próprio, agora a Paraíba passa a ter um Museu de História que preserva, valoriza e exibe ao público parte essencial do acervo do MAAC e da produção de grandes nomes da arte brasileira.
Histórico
Vale relembrar que outra obra representativa para a cultura paraibana também sofreu com apropriações indevidas. O ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), um dos herdeiros da oligarquia Cunha Lima, gosta de reivindicar obras que não foram construídas pelo clã, como o Centro de Convenções de João Pessoa. Há uma semana o ex-parlamentar voltou a tratar do assunto em suas redes sociais ao afirmar que a obra construída pelo governador Ricardo Coutinho (PT) era de seu pai, Cássio Cunha Lima.
Inclusive, do clã, o Centro de Convenções leva somente o nome, uma homenagem ao ex-governador Ronaldo Cunha Lima, que também era poeta.